Ajuda alimentar de emergência à África Austral

O Programa Alimentar Mundial o PAM, anunciou que mais do que duplicou a ajuda alimentar de emergência à África Austral sendo grande parte dessa ajuda destinada ao Zimbabwe. O director daquela agência da ONU James Morris, traçou perante o conselho de segurança da ONU um quadro sombrio da crise alimentar em África.

“A pior crise humanitária com que nos debatemos actualmente não se verifica em Darfur, no Afeganistão ou na Coreia do Norte, trata-se sim da desintegração gradual das estruturas sociais na África Austral, e a fome está no centro dessa questão.”

Morris considerou a fome como um sinal de falhanço e acrescentou que a prevalência da fome é um indicador do nível de instabilidade em grande parte do continente africano. Acrescentou que a combinação de más colheitas, da epidemia de Sida e do colapso económico do Zimbabwe levaram a que a sua agência revisse drasticamente a sua avaliação das necessidades alimentares da África Austral.

“No principio do ano estimávamos que cerca de 3 milhões e meio de pessoas necessitariam de ajuda alimentar de emergência na África Austral. Actualmente estimamos em 8 milhões e 300 mil as pessoas que necessitarão de alimentos devido em grande parte à seca que se tem registado na região. Mais de 4 milhões de pessoas estão em risco no Zimbabwe, 1 milhão e 600 mil no Malawi , 1 milhão e 200 mil na Zâmbia e 800 mil em Moçambique.”

Vários membros do conselho de segurança puseram em destaque a situação no Zimbabwe. O embaixador britânico junto da ONU Emir Jones Parry considerou o caso do Zimbabwe como sendo particularmente perturbante, não apenas por causa dos problemas económicos, mas também devido à crise adicional causada pela decisão do governo de Harare de reprimir as comunidades mais pobres do país.

“É importante compreendermos que esta crise resultou da acção do governo zimbabueano. Não se trata de um fenómeno natural. O colapso económico no Zimbabwe é a resultante de más políticas e da má governação.”

Quanto à embaixadora americana Ann Patterson chamou particularmente a atenção para a campanha do governo zimbabueano de demolir bairros da lata e de acabar com as actividades de vendedores ambulantes não registados. Salientou ela que esta campanha está a agravar uma crise humanitária já de si bastante séria.

”Estamos prontos a ajudar o Zimbabwe com assistência alimentar em larga escala , tal como fizemos no período de 2002 a 2004,mas, opomo-nos com veemência às políticas governamentais que estão a fazer piorar o problema. Apelamos ao governo para que ponha termo à sua campanha de demolição dos bairros da lata. A autodestruição económica do Zimbabwe está afectar o comércio, o investimento e a segurança alimentar através da África Austral.”

O director do PAM salientou também as suas preocupações com o persistente uso dos alimentos como uma arma nos conflitos africanos. James Morris deu como exemplos a Somália, Angola, o norte do Uganda e o Congo Kinshasa. Salientou no entanto que o exemplo mais perturbador é o da região de Darfur no Sudão. Referindo que o número de pessoas que correm o risco de morrer à fome naquela região se elevou a 3 milhões e meio desde o inicio da guerra , acrescentando, quando o ódio nos despoja do civismo somos capazes de brutalidades incríveis.