Normalizar as relações com Pequim

O Bispo de Hong Kong, Joseph Zen, disse aos jornalistas que a política do Vaticano sobre a China não mudou sob o papado de Bento XVI. O Vaticano, afirmou o prelado, deseja fazer concessões por forma a normalizar as relações com Pequim.

A questão mais difícil quanto ao reatamento das relações entre as duas partes tem sido a da nomeação dos bispos católicos. Tradicionalmente o Vaticano tem insistido em que a Santa Sé tem o direito exclusivo na nomeação dos bispos católicos na China.

Por outro lado, Pequim tem manifestado a preocupação quanto a permitir que o seu povo se sujeite à autoridade do Vaticano ou de qualquer outra potência estrangeira, tendo insistido em designar os lideres religiosos do que chama de Igreja Católica Patriótica, oficialmente aprovada pelas autoridades chinesas.

O Bispo Zen sugeriu que o Vaticano poderá estar agora disposto a uma solução de compromisso sobre a questão, tal como tem feito com o governo cubano, por exemplo, permitindo que o governo chinês aprove as nomeações feitas pelo Vaticano:

”...não seria uma rendição completa, mas chegar-se a uma solução de compromisso por forma a que o governo de Pequim possa também ter alguma palavra na acção...”

O Bispo Zen admitiu que a mudança para relações com Pequim seria à custa de Taipé com quem o Vaticano mantém presentemente laços diplomáticos.

”...a Santa Sé está preparada para mudar o seu relacionamento diplomático de Taipé para Pequim. Até agora a Santa Sé nunca tem abandonado unilateralmente um amigo. Mas desta vez, vê-se forçada a dar esse passo penoso, porque doutra forma a autoridade chinesa não aceitaria o diálogo com a Santa Sé...”

Os laços diplomáticos entre Pequim e o Vaticano foram cortados há mais de 50 anos desde que os comunistas tomaram o poder no fim da guerra civil na China.

O governo chinês afirma haver cerca de cinco milhões de fiéis católicos romanos na China, mas académicos ocidentais afirmam que o seu numero poderia ser superior a 12 milhões. O governo chinês permite apenas que os católicos frequentem igrejas aprovadas pelo estado, enquanto bispos, sacerdotes e fiéis das igrejas clandestinas, associadas ao Vaticano, muitas vezes enfrentam perseguição.

Hong Kong foi entregue à China em 1997,mas de acordo com o principio ”um país - dois sistemas”, o território mantém as liberdades que usufruía durante o período colonial britânico. A Igreja Católica em Hong Kong está oficialmente sob a supervisão do Vaticano, operando sem restrições.