Ninguém sabe exactamente quantos imigrantes ilegais entram

Ninguém sabe exactamente quantos imigrantes ilegais entram

Ninguém sabe exactamente quantos imigrantes ilegais entram todos os anos nos Estados Unidos. Mas estudos, recenseamentos recentes e outras agencias federais indicam que se encontram presentemente nos Estados Unidos mais de 10 milhões de trabalhadores indocumentados, tendo cerca de três milhões dos mesmos entrado no país só no ano passado. A maior parte das entradas ocorrem na fronteira México - Estados Unidos, sobretudo no estado do Arizona.

O numero de imigrantes ilegais que atravessam do México para os Estados Unidos registou um crescimento constante nos últimos anos apesar dos esforços da patrulha americana na fronteira.

Os guardas fronteiriços afirmam que por cada imigrante ilegal apanhado, há provavelmente vários outros que escapam. Apesar de para muitos parecer terra desabitada o deserto é, no entanto, um ecossistema delicado que está a ser ameaçado pelos imigrantes e narco-traficantes ilegais. Kathy Billings, superintendente do Monumento Nacional ”Cacto Orgânico” considera:

”muitas zonas da região estão a ser altamente afectadas pelos caminhos e lugares onde as pessoas acampam e abandonam desperdícios e detritos humanos. Há uma teia de picadas que atravessam os parques criados por aquelas actividades ilegais...

As entradas ilegais do México para os Estados Unidos tem também provocado o aumento do crime e vandalismo na reserva dos Indios Tohono O`Odham, junto à fronteira. O Chefe da Policia da Reserva, Richard Saunders, disse que o seu povo está profundamente ofendido pelo abuso à terra que considera sagrada:

”logo que se acaba de limpar uma área, lá vêm eles, mais uma vez, no dia seguinte a atirar desperdícios e mais sujidade, mais uma vez. É uma luta constante....”

Em resposta a estas questões e mais preocupações relativamente aos terroristas que podem deslizar através da fronteira, mais uma vez, centenas de voluntários civis organizaram vigílias ao longo de um perímetro de 37 quilómetros da fronteira, em Abril último.

Detectaram violações da fronteira, informando acerca das actividades ilegais as autoridades da patrulha fronteiriça. Mas poucas pessoas tentaram atravessar por essa fronteira enquanto os guardas continuassem a vigiar.

Os voluntários chamam a si próprios ”minutemen”, guardas de intervenção rápida, uma instituição para-militar de civis que tem as suas origens durante a guerra revolucionaria. O seu trabalho foi aclamado e elogiado por muitos residentes locais, entre os quais, Dylan Cron, cuja propriedade foi atacada pelos que atravessam ilegalmente a fronteira:

”...existe aqui o risco e a defesa de vários interesses que os guardas a quem tiro o chapéu, tentam proteger....”

Enquanto os guardas vigiavam a linha ,estes estavam ,por sua vez, a ser observados pelos voluntários do Sindicato das Liberdades Cívicas e pela Policia Federal Mexicana noutro lado do cerco. Mas não se registaram incidentes nem houve abusos ou acções violentas. O editor do jornal local, e ”Minuteman”, Chris Simcox, disse que a iniciativa foi um sucesso:

“....a questão aqui é a atitude de espirito dos cidadãos americanos que não evitam nada que possam fazer, com muita coragem e convicção...”

Mas nem todos os cidadãos americanos, junto da fronteira concordam. Jennifer Allen, Directora executiva da Rede de Acção na Fronteira, um grupo pró-imigrantes, diz que os ”Minutemen” intimidam os hispânicos pela sua simples presença na fronteira:

”...se estiverem em violação das leis ou não, está-se a criar uma situação de histeria, e a provocar um frenesi anti-imigrante, um conceito mal-orientado quanto ao que se deve fazer e ao que deve acontecer na fronteira....”

As pessoas atravessam ilegalmente a fronteira à busca de empregos nos Estados Unidos que lhes pagam varias vezes mais do que o que poderiam ganhar no México ou noutros países mais pobres. Mas cabe aos governos locais mexicanos e não aos seus funcionários nos Estados Unidos, pagarem os cuidados de saúde e outros serviços sociais aos trabalhadores e suas famílias.

Chris Simcox afirma que o seu grupo deseja que o governo americano faça respeitar as leis que proíbem o contrato dos estrangeiros ilegais:

”...queremos um esforço de base à escala nacional. Queremos organizar manifestações de protestos contra qualquer instituição que possamos identificar como assinando contratos com trabalhadores estrangeiros....”

Mas Jennifer Allen afirma que esta afirmação ignora as realidades económicas:

”...temos uma economia falsa aqui, neste país, que depende em grande medida dos trabalhadores indocumentados. A Associação Yuma, dos Agricultores do Estado de Arizona, acaba de enviar uma mensagem a patrulha da fronteira a fim de evacuar alguns postos de controlo, na zona oeste do estado de Arizona, devido ao facto de não haver suficiente mão de obra para a colheita de legumes e outros produtos desta estação.”

Os eleitores do Arizona aprovaram o ano passado a Proposição 200 que nega benefícios e alguns serviços sociais aos imigrantes indocumentados. Alguns defensores de reformas propõem a criação de um programa de trabalhadores convidados, tal como o que o Presidente Bush acaba de propor, mas que os críticos consideram como sendo uma amnistia disfarçada em beneficio dos violadores das leis americanas de imigração, proposta essa que enfrenta grande oposição no Congresso.

Entretanto, os imigrantes ilegais continuam a entrar.