Malic Agobi nunca esperou tornar-se num refugiado. Malic nasceu no Sul do Sudão e passou a maior parte da sua vida de adulto no Norte do Sudão. Como condutor de camião, passava horas infindas nas estradas entre Cartum e Port Sudão. Foi ali que foi apanhado pelos agentes de segurança, em 2001.
“Fui preso sem que tenha sido feita qualquer acusação. Eles apenas suspeitavam que eu estava a ajudar os partidos da oposição, porque eu operava o meu camião para ir buscar produtos em zonas dos partidos da oposição.”
Agobi passou 41 dias preso. Quando foi libertado, contudo, ainda não era um homem livre -- afirma.
“Fui libertado na condição de não deixar a minha cidade, e havia pessoas que não me podiam visitar.”
Agobi diz que depressa percebeu que a única forma de voltar a obter a sua liberdade e viver sem medo era ... deixar o Sudão. Decidiu então levar a sua família para Norte, para o Egipto. No Cairo, os amigos ajudaram-no a encontrar lugar para dormir e um emprego numa loja, mas não ganhava o suficiente para sustentar a família. Pelo que começou a pensar em outras opções.
Agobi decidiu abordar a agência da ONU para os Refugiados, para que o ajudasse a vir para o Estados Unidos. E em Março, a família Agobi chegava finalmente a Nashville, no estado americano do Tennessee. Malic Agobi diz que a sua integração se tem tornado mais fácil devido à ajuda prestada pelo grupo Caridade Católica, uma organização não-governamental que fornece serviços sociais às pessoas necessitadas.
Sarwar Hawez, do grupo Caridade Católica, diz perceber aquilo porque Agobi passa, porque também ele foi em tempos refugiado, tendo chegado a Nashville, em 1997, vindo do norte do Iraque. Sarwar visita a família Agoni duas vezes por semana.
“Estou a visitá-los para saber como vão, como estão, para saber o que se passa com eles.”
Holly Johnson, directora dos serviços de refugiados e imigação do grupo Caridade Católica, diz que continuarão a assistir os Agobi até que Malic consiga encontrar trabalho e sustentar a família. Holly acrescenta que encontrar trabalho para um antigo refugiado pode levar até seis meses.
Os empregadores normalmente telefonam-nos quando têm vagas. Não temos que fazer muito para encontrar trabalhos, porque os empregadores sabem que é fácil dar trabalho a refugiados. Sabem como eles trabalham muito, chegam a horas, trabalham horas extras. Pelo que não têm problema em dar emprego a refugiados.”
Por seu lado, Malic Agobi está optimista quanto a encontrar trabalho e de construir uma boa vida para a sua mulher e os cinco filhos do casal.
“O meu plano é educar as minhas crianças porque eu não consegui uma educação para mim próprio. Gostaria muito de lhes dar uma educação para que eles possam ser uns bons homens no futuro.”
Os filhos de Malic começaram já a ir à escola, apesar de não falarem ainda inglês. Willson, de 16 anos de idade, diz que o facto de não falarem inglês é mais uma dificuldade nas muitas porque passam para se adaptarem à sua nova vida.
“Quando fui à escola no primeiro dia, conheci muitos meninos. Mas apenas podia falar com os que falavam árabe. Meninos que vem do Sudão tal como eu.”
Mas este jovem espera estar em dois meses a falar inglês fluentemente, sendo assim capaz de falar com os seus colegas e professores. Já à sua mãe, Aristina, poderá levar mais tempo a aprender inglês, mas Aristina tenciona trabalhar duramente para aprender a língua.
“Quero aprender inglês para poder falar com as pessoas à minha volta e ajudar os meus filhos com os trabalhos da escola. Espero encontrar um emprego e desejo que os meus filhos tenham uma boa vida aqui na América.”
E enquanto a sua família se adapta na sua nova cidade, Malic Agobi diz que já se sente em casa. Outros refugiados sudaneses no bairro, diz ele, já foram visitar a sua família, oferecendo-lhe apoio e partilhando memórias do Sudão e a esperança de uma vida melhora para todos nos Estados Unidos.