O Presidente Thomas Jefferson assinou e o Congresso aprovou a Acta de Embargo contra a Inglaterra em 1807, proibindo os navios americanos de escalarem portos estrangeiros, nomeadamente da França e da Inglaterra para a exportação ou importação de mercadorias de toda a espécie, lei que o sucessor de Jefferson, James Madison, ficou a pôr em força, conduzindo as duas nações à guerra de 1812, a segunda guerra da independência americana - Tomé Mbuia João: Democracia Americana: Os Primeiros 45 Anos
Dizíamos numa das conversas passadas que a Inglaterra além das leis de neutralidade em vigor no alto mar durante as guerras napoleónicas, agravava a situação da navegação americana pela prática do chamado ”impressment”, rusgas arbitrarias e capturas no alto mar, ou portos declarados neutrais, em navios mercantes ou de guerra americanos na busca desenfreada, muitas vezes de desertores que a Inglaterra suspeitava ou presumia que fossem cidadãos ingleses que passavam por americanos sob a protecção desta bandeira, em fuga da guerra em que estava a Inglaterra com Napoleão, política que caiu mal não apenas ao presidente americano, ainda Thomas Jefferson, sempre mal disposto com os ingleses.
Jefferson decidiu responder à Inglaterra, à sombra dos sucessos recentes na compra da Louisiana à França. Só que desta feita, a sua nação, a América, não estava muito disposta a responder-lhe com o entusiasmo igual à noticia da aquisição da Louisiana. Já o dissemos algures nestas conversas que a compra da Louisiana em 1803 abalou o equilíbrio do poder no país, entre o norte e o sul, na óptica dos estados do norte que suspeitavam que ao fim e ao cabo a Louisiana iria amadurecer em outros tantos estados sulistas reflectindo negativamente no pêndulo da balança política no Congresso da União.
Foi nesta altura crítica em que o norte ameaçava cisão em resposta à aquisição da Louisiana, que Jefferson decidira pôr mais lenha na fogueira impondo um embargo à Inglaterra, parceira comercial insubstituível dos estados do norte:
Todavia, Jefferson teve muita ajuda no Congresso. Por sua iniciativa o Congresso aprovou em 1806 uma lei de não-importação das mercadorias inglesas na expectativa de forçar mudanças na política inglesa para com a ex-colonia. Depois de tentativas frustradas Jefferson assinou a Acta do Embargo - que o Congresso aprovou na ultima hora - em Dezembro de 1807 nas vésperas do fim do segundo mandato de Thomas Jefferson que terminava em Março de 1808.
Foi James Madison, seu sucessor, que teve a dupla desgraça de aguentar o descontentamento generalizado da classe mercantil das zonas portuárias do norte e da guerra com a Inglaterra que não se fez esperar, em 1812. A nova Lei proibia navios mercantis americanos de escalarem portos estrangeiros para transacções comerciais - exportação ou importação de mercadorias de qualquer definição - visando directamente os portos ingleses e franceses. As consequências foram grandes e desastrosas, o comercio da zona costeira, sobretudo do norte, ficou paralisado sem alternativas. A França, obviamente não, pelo contrário a França usou o diferendo para fazer exactamente o que a Inglaterra fazia aos navios americanos sob pretexto de serem ingleses.
Floresceu o contrabando com os ingleses no Canadá, a corta-mato através dos Grandes Lagos, e territórios da bacia do Mississipi estes, porém parte também do conflito latente entre ingleses e americanos desde a independência além de serem ainda territórios índios que os americanos diziam apoiados pelos ingleses contra a expansão da nova nação para o oeste. Tudo é mais barril de pólvora para a guerra de 1812, a chamada segunda guerra da independência americana.