A África do Sul vai acusar os indivíduos detidos e presos no Zimbabwe

A África do Sul vai acusar os 64 indivíduos que, o ano passado, foram detidos e presos no Zimbabwe, por aparentemente estarem a caminho da Guine Equatorial para participar no golpe falhado.

Entre os que vão ser acusados encontram-se 61 indivíduos que foram deportados durante o fim de semana para a África do Sul.

A África do Sul considera existirem provas suficientes de que a totalidade dos indivíduos, um dos quais ainda se encontra no Zimbabwe, estiveram envolvidos o ano passado, em maior ou menor extensão, no plano que visava derrubar o governo da Guine Equatorial.

Todavia e segundo Nkosi, da Autoridade Nacional de Acusação, afirmou a Voz da América ser muito possível que a maioria, senão a totalidade dos indivíduos do grupo, tiveram muito pouco a ver com o planeamento do golpe.

"No que diz respeito a estes 64 acusados foram simplesmente soldados. Embora possam existir entre eles alguns que tenham estado envolvidos no planeamento."

A Autoridade Nacional de Acusação, vulgarmente conhecida por Escorpiões, esta constituída ao estilo do Bureau Federal de Investigação, o FBI dos Estados Unidos. Segundo Nkosi os Escorpiões estão realmente interessados nas pessoas que planearam e organizaram o golpe, grande parte do trabalho feito em solo sul africano.

Entre os visados esta Simon Mann , que tem ainda de cumprir mais quatro anos numa prisão de segurança máxima do Zimbabwe. Segundo Nkosi existem ainda outros que os Escorpiões gostariam de ver indiciados na África do Sul, ou no exterior.

Durante o antigo governo de segregação, mercenários estrangeiros actuaram com frequência com impunidade a partir da África do Sul – congeminando planos e executando golpes a partir de solo sul africano.

Tal pratica prosseguiu em desafio dos alertas do governo após 1994 – forçando o executivo em 1998 a adoptar uma nova legislação para resolver tais casos.

Embora tenham existido outros casos – na sua maioria individuais – este foi o primeiro envolvendo uma tentativa de golpe e o governo espera que possa constituir um aviso drástico para aqueles que no futuro pensem em acções do género.

Os indivíduos que vão ser acusados serão apresentados em tribunal nos próximos vinte dias, numa data a combinar entre os Escorpiões e os advogados dos acusados.

Os libertados durante o fim de semana, passaram quase uma semana a mais do que as sentenças, enquanto o governo do Zimbabwe decidia para onde os expulsar. Nkosi adiantou ter sido decidido conceder aos indivíduos passar algum tempo com as famílias antes de os apresentar a tribunal.

"Somos sensíveis às necessidades e frustrações das suas famílias. Estamos conscientes do trauma e talvez mesmo da ansiedade que acompanhou a estadia no Zimbabwe, e como isso afectou as famílias. Agimos no interesse do publico, no interesse das comunidades, e estamos certos que na generalidade os sul africanos não se vão importar de esperar um pouco."

Em Janeiro passado, para frustração e fúria de muitos sul africanos, Mark Thatcher, o filho da antiga primeiro ministro britânica, admitiu culpa numa acção de conciliação e foi multado em meio milhão de dólares pelo papel desempenhado no golpe falhado.

Nkosi referiu ser possível que os que vão ser acusados possam entrar em acordos judiciais, desde que a isso tenham direito.