Resolução de conflitos

Sentados a uma mesa num hotel com ar condicionado do centro de Mogadiscio encontravam-se vários jovens – que na vez anterior se tinham visto empunhando armas. Agora, os membros de duas milícias rivais e seus aliados participam num seminário sobre resolução de conflitos.

Jabril Abdulle, é o co director do Centro para a Pesquisa e o Dialogo, que organizou o seminário.

“Estão juntos para treinarem em como resolver conflitos e a importância de manter e consolidar a paz. Se decidirem continuar e consolidarem a paz, isso terá um enorme impacto. Os milicianos de uma zona da cidade juntaram-se e constituíram uma estrutura para assegurar o primado da lei, e falaram do que se passou durante 14 anos ... quase 15 anos, e como resolver o conflito.”

Jabril explica que parte do treino envolve a exibição de imagens de milicianos a cometer assassínios e violações, para que avaliem do que fizeram durante o conflito, e imagens da cidade de Mogadiscio, tiradas antes da guerra, para demonstrar como a cidade poderia ser agora.

O governo de transição foi constituído, em Nairobi, após dois anos de processo de paz que juntou dirigentes das diversas facções, anciãos, representantes da sociedade civil, e ainda outras entidades, para por termo a quase 15 anos de conflito.

A grande maioria, desde as entidades que acompanham o primeiro ministro, Ali Mohamed Gedi as pessoas da rua, sustentam que os somalis estão fartos da guerra, e desejam que o novo, sediado no Quénia, regresse para restaurar a ordem e a estabilidade.

Os custos da guerra foram elevados, e Jabril refere que um estudo, realizado há um ano e meio atras, indica que os custos de 50 milicianos a combaterem durante seis horas em Mogadiscio era superior a cem mil dólares.

Jabril explica que a maioria dos milicianos acaba por vender as munições nos mercados para fazer face a vida, pois muitos recebem muito pouco ou não são mesmo pagos.

Em contraste, acrescenta Jabril, a paz pode implicar elevados dividendos, tendo vários empresários explicado aos participantes do seminário o que podem obter.

A mesma mensagem de prosperidade foi veiculada numa recente sessão de desmobilização para centenas de milicianos como parte do plano de segurança elaborado em Março passado.

Patrocinado por um grupo de parlamentares que se encontram já em Mogadiscio, foi descrito pelo deputado de Kismayo, Ali Basha.

“Explicamos que existem coisas melhores na vida do que estar num posto de controle, que podem ter uma vida melhor como membros das futuras forças armadas somalis. Que podem ser treinados como carpinteiros, mecânicos, soldadores ...”

Os desafios da desmobilização são enormes tendo sido feito apelo no sentido dos cerca de 53 mil milicianos se perdoarem mutuamente, e colocarem de lado o orgulho e o egoísmo.