Há crescente preocupação em Angola com o aumento de casos de criminalidade envolvendo cidadãos chinees.
Alguns analistas angolanos querem medidas mais drásticas de prevenção e de punição, afirmado que o crime orgnaizado e uma ameaça à egurança do país.
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Com efeito em Angola começam a ser cada vez mais frequentes as denúncias de redes de criminosos envolvendo cidadãos chineses em colaboração com nacionais.
Os últimos crimes
A última dessas denúncias foi feita nesta segunda-feira,6, pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC) quando apresentou à imprensa uma das quatro redes criminais desmanteladas em menos de uma semana.
Em nota de imprensa, o SIC fez saber, que o grupo de criminosos emitia cartas de condução ilegais a cidadãos estrangeiros sendo composto por seis cidadãos, três dos quais de nacionalidade chinesa e três angolanos.
Aquele órgão policial referiu que a rede agia por meio de uma escola de condução através do sistema da Direcção de Trânsito e Segurança Rodoviária sendo que os cidadãos nacionais eram funcionários de uma empresa com sede no Cuanza-Norte.
A rede operava num estaleiro, na localidade do Kikuxi, onde instalou todo o material informático para o cadastramento dos cidadãos estrangeiros, de forma irregular, que obtinham assim a documentação ilegal.
No município do Cuito Cuanavale, a sede da nova província do Cuando, o SIC local deu a conhecer, ainda nesta segunda-feira, que um indivíduo de nacionalidade chinesa, de 48 anos, estava detido indiciado na prática do crime de agressão ambiental por, supostamente, ter sido flagrado a caçar várias espécies de tartarugas, lagartos, formigas, aranhas e escorpiões, que teriam como destino a China e a Alemanha.
A detenção, de acordo com o porta-voz do Serviço de Investigação Criminal (SIC), Francisco Calei, foi possível em colaboração com o Instituto de Desenvolvimento Florestal.
No passado dia 2 de Janeiro , a Investigação Criminal denunciou que nove cidadãos foram detidos em flagrante delito, no município do Sequele, província de Icolo e Bengo por envolvimento em atividades de mineração de criptomoedas.
O grupo é composto por quatro cidadãos chineses, que lideravam a rede, e cinco angolanos, na condição de trabalhadores.
De acordo com o SIC, a atividade era desenvolvida num estaleiro clandestino que, oficialmente, servia como ponto de compra de material ferroso do tipo alumínio, proveniente de latas de refrigerantes e material informático para exportação. Dentro do local foram identificados três postos de transformação de energia elétrica de alta potência ligados à rede pública, devidamente escondidos.
De acordo com o SIC, a infra-estrutura está avaliada em mais de 3.700.000 dólares norte-americanos e estima que, diariamente, as duas naves mineravam 3,3264 bitcoins, “com um lucro diário acima de 320.878 dólares” .
A actividade de mineração de criptomoedas é proibida por lei sendo punida com penas que vão de três aos 8 anos de prisão e a ligação de sistemas de mineração ao Sistema Elétrico Nacional punida com penas de três a 12 anos de prisão.
Ainda na primeira semana de Janeiro a Marinha de Guerra Nacional apreendeu uma embarcação semi-industrial nacional que pescava ilegalmente nos mares da cidade do Soyo, na província do Zaire.
De acordo com informações, a embarcação não dispunha de equipamentos para navegação e documentos atualizados.
Quatro cidadãos chineses, que integravam uma tripulação de 22 membros, tinham os vistos de permanência em território nacional, já vencidos e a embarcação não tinha também habilitação para navegação.
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Um “perigo para a segurança do estado”
Analistas ouvidos pela Voz da América manifestam preocupação e alertam para a possibilidade de tais crimes e seus autores colocarem em risco a segurança do Estado angolano e sugerem a punição adequada para os implicados.
Na opinião do advogado Vicente Pongolola, o país está diante de “crimes transnacionais e crimes organizados e os chineses têm esta experiência e isso requer mais habilidades do ponto de vista de investigação”.
“São casos que põem em causa a soberania do país porque há uma interferência de cidadãos estrangeiros e até de serviços estrangeiros não formalizados dentro do país e isso vai desestabilizar a economia do país e uma série de pressupostos ligados à segurança do Estado”, considera o jurista Albano Pedro.
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Aquele jurista defendeno entanto que “não são os crimes que aumentaram mas sim o número de denúncias dos cidadãos por falta de um controlo efectivo da atividade criminosa por parte da polícia”.
O sociólogo, João Lukombo Nzatuzola, “ considera que nem todos os chineses que chegam a Angola são cidadãos com cadastro limpo, havendo entre eles gente com comportamento negativo pelo que cabe às nossas instituições tomar as medidas adequadas no sentido da aplicação da lei” .
De recordar que em Agosto de 2024, o porta-voz da embaixada chinesa em Angola tinha assegurado que “as autoridades chinesas têm mantido a cooperação policial estreita e amigável com a parte angolana, apoiando-a explicitamente na manutenção da ordem social, conforme a lei, na repressão das actividades ilegais e em responsabilizar os que cometerem crimes”.
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Xiog Wei fez estas declarações por altura da detenção em Luanda de duas redes chinesas, uma que geria clandestinamente um casino online e a outra que se dedicava ao tráfico de comunicações internacionais,
Uma nota de imprensa emitida na altura a embaixada chinesa garantiu, entretanto, que os cidadãos daquele país “estão em Angola para contribuir positivamente para o desenvolvimento económico e social do país e a ajudar o fortalecimento da cooperação estratégica global China-Angola”.