Na edição de hoje do Fala África VOA, falámos com David Xavier Fardo, presidente do Parlamento Juvenil de Moçambique e membro permanente da 4.ª Assembleia Geral do Conselho Económico, Social e Cultural (ECOSOCC) da União Africana.
A conversa abordou a sua actuação em ambos os órgãos, com destaque para as iniciativas voltadas para a juventude e a avaliação dos principais avanços e desafios enfrentados na implementação de políticas sociais e económicas para os jovens.
O activista destacou a importância de mobilizar a juventude moçambicana para participar activamente na política e promover mudanças, além do seu papel no cenário internacional, defendendo os interesses de Moçambique e da juventude africana no ECOSOCC.
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Actuação no Parlamento Juvenil de Moçambique
Como presidente do Parlamento Juvenil, David Fardo enfatizou a mobilização dos jovens como uma das suas principais frentes de trabalho. “Proteger o voto é proteger o futuro”, destacou, explicando como o Parlamento incentiva a participação da juventude em eleições e em questões de governação.
A organização também actua em áreas como direitos humanos, educação e emprego, procurando reduzir o desalinhamento entre o mercado de trabalho e a formação académica. “Há jovens que se formam, mas não conseguem emprego. Lutamos para criar oportunidades e garantir que a educação seja mais conectada com as demandas do mercado”, afirmou.
Fardo avaliou os avanços da organização, mas destacou desafios como o preconceito geracional. “Muitos jovens enfrentam desmotivação porque somos rotulados como incapazes. O nosso trabalho é mostrar o contrário: os jovens são o centro das maiores questões políticas, sociais e económicas”, pontuou.
Representação no Conselho da União Africana
No ECOSOCC, David Fardo é responsável por representar Moçambique em temas como paz, segurança, juventude e educação. Ele explicou como o conselho actua para propor soluções que sejam implementadas nos países membros e destacou a troca de experiências entre nações africanas.
“Nosso papel é reportar os desafios de Moçambique e influenciar políticas no continente. É uma linha que vai do nível local até ao global. Propostas feitas no ECOSOCC podem chegar à União Africana e, depois, às Nações Unidas”, explicou.
Um exemplo concreto é a discussão sobre políticas de emprego. “Dentro do ECOSOCC, partilhamos propostas para enfrentar o desemprego juvenil, algo que afecta milhares de jovens moçambicanos. Isso inclui debates, auscultação da juventude e apresentação de relatórios que servem como base para decisões maiores”, avaliou.
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Desafios e Avanços na Mobilização
David Fardo também abordou barreiras políticas e sociais que enfrenta tanto no Parlamento Juvenil quanto no ECOSOCC. “Frequentemente, activistas jovens são vistos como oposição ao governo. O que queremos é que os jovens conheçam os seus direitos e os defendam, mesmo sem o apoio directo de grandes organizações”, explicou.
Apesar das dificuldades, ele avalia positivamente os avanços na mobilização e consciencialização da juventude. “Temos conseguido engajar mais jovens nas discussões políticas e sociais, mostrando que eles são capazes de liderar mudanças no país e no continente”, afirmou.
Fardo reforça a importância de acções contínuas para superar preconceitos e criar oportunidades para os jovens. Tanto no Parlamento Juvenil de Moçambique quanto no ECOSOCC da União Africana, ele avalia que as políticas precisam ser construídas de forma colectiva e integrativa para garantir avanços concretos.
“Já sabemos que é um caminho difícil, mas é importante desenvolvermos estratégias para ultrapassar as barreiras. Sempre conseguimos avançar”, concluiu David Fardo, destacando que o trabalho de consciencialização e mobilização dos jovens deve ser contínuo para garantir que eles ocupem um papel central nas decisões políticas, sociais e económicas.