A paralisação dos médicos em São Tomé e Príncipe entrou no segundo dia nesta sexta-feira, 25 de outubro, sem qualquer fim à vista, apesar de o Governo reconhecer os inúmeros problemas que enfrenta o sistema acional de saúde.
Utentes e profissionais dizem que o Hospital Ayres de Menezes, o maior e melhor equipado do país, já não tem condições para continuar a funcionar.
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O Sindicato dos Médicos (SIMED) justifica a greve por tempo indeterninado com exigências por melhores condições de trabalho nos hospitais e nos centros de saúde e a falta de medicamentos, reagentes e consumíveis.
O único hospital de São Tomé e Príncipe tem mais de um século de existência.
Veja Também STP: Venda de medicamentos na rua coloca em risco a saúdeConstruído em 1915 apresenta vários problemas, mas o mais grave é a falta de água.
"Água para beber, para tomar banho ou lavar a roupa são os familiares que têm que trazer de casa”, disse à Voz da América um utente que preferiu anonimato.
Veja Também STP: Campanha quer recuperar ganhos da cobertura vacinal“É um sufoco tanto para os profissionais como para os utentes. Lamentamos bastante porque para fazer a higienização, sobretudo dos doentes acamados é um caos”, reclamou igualmente um enfermeiro que também não quis ser identificado.
Utentes e profissionais dizem que o Hospital Ayres de Menezes já não tem condições para continuar a funcionar.
Veja Também STP: Falta de especialistas e meios de diagnóstico compromete serviços de saúdeAos problemas de infraestrutura os utenttes associam carência técnica e profissionais, enquanto os doentes ficam sem resposta aos seus problemas.
“Se fosse um problema que pudessem resolver aqui, já estaria resolvido. Mas como não dá para resolver cá, estou a espera para ser evacuada”, disse outra paciente.
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Quanto às evacuações, sobretudo para Portugal, muitas não acontecem a tempo de salvar o doente.
“Temos doentes que estão à espera há quase um ano e vai degradando o seu estado de saúde", afirmou uma médica, sublinhando que "alguns desses casos podiam ter solução aqui no país, mas era preciso que houvesse algum investimento”.
Como se não bastasse, nos últimos anos o sistema nacional de saúde também tem enfrentado uma grave crise de medicamentos, consumíveis e reagentes por falta de divisas para compras no exterior.
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A greve por tempo indeterminado iniciada nesta quinta-feira, 23, segundo a presidente do SIMED, tem uma adesão de 100 por cento.
“E a garantia do serviço mínimo, é como quem diz, porque não temos medicamentos para garantir o serviço mínimo”, alertou Benvinda Vera Cruz.
Por seu lado, o primeiro-ministro questionou a legalidade da greve por alegada falta de cumprimento de alguns requisitos, mas reconhece que existem problemas que precisam de solução urgente.
“Nós temos que melhorar com urgência a questão de abastecimentos de medicamentos e consumíveis. Há também problemas de infraestruturas e falta de especialistas e recursos humanos que está a provocar uma grande desmotivação no setor”, disse Patrice Trovoada, lamentando o atraso do projeto de construção de um novo hospital, elaborado em 2015, mas que até agora não saiu do papel.
Refira-se que, antes da greve, o SIMED e a ministra da Saúde e Direitos da Mulher, Ângela Costa, reuniram-se, mas não houve qualquer acordo.