EUA querem participação da sociedade civil na prevenção ambiental do Corredor do Lobito

A participação do Governo americano na extensão do Corredor do Lobito (Angola), agora em fase de estudos para o acesso à electricidade, prevê 3,5 milhões de dólares como parte de uma estratégia de prevenção ambiental face à exposição das comunidades em relação aos projectos.

Your browser doesn’t support HTML5

Corredor do Lobito deve ser construído "com normas ambientais e sociais" - 3:51

Esta posição dos Estados Unidos é uma das notas de destaque da conferência de coordenação do desenvolvimento do Corredor do Lobito, que decorreu ontem e hoje, 26, no âmbito da iniciativa Power África, dedicada à região subsariana do continente.

Esta iniciativa, coordenada pela Agência Norte-americana para o Desenvolvimento Internacional, USAID, pretende igualmente melhorar as capacidades de auditoria das autoridades angolanas, visando minimizar fraudes e abusos.

O projeto prevê 65 mini-redes de energia solar, avaliadas em 1,6 mil milhões de dólares, e 553 milhões de dólares para o reforço da linha-férrea, intervenção em infra-estruturas e aquisição de meios rolantes.

Estes números, aprovados pelo Banco de Importação e Exportação e pela Corporação de Financiamento para o Desenvolvimento, espelham a participação dos Estados Unidos na extensão do Corredor do Lobito.

Assumindo que são acções passíveis de preocupações ambientais, o Governo americano vai investir na capacitação de actores sociais, os agentes que trabalharão como fiscais para que os processos sejam justos e responsáveis.

O representante da USAID em Angola, William Butterfield, disse que a sociedade civil deve estar ao lado dos sectores público e privado nesta empreitada

William Butterfield USAID Angola

“Precisamos de assegurar que o desenvolvimento do Corredor do Lobito seja não apenas feito, mas feito de maneira correcta, sustentável e inclusive”, disse Butterfield .

“ Por isso estamos a fazer novas parcerias com a sociedade civil, até com a imprensa (porque) queremos que a sociedade civil capacitada assegure que seja tudo de acordo com as normas ambientais e sociais”, acrescentou

Em reacção, o docente universitário Isaac Sassoma, especialista em ambiente, diz esperar que a medida desperte o Governo angolano para a importância da prevenção ambiental em projectos de grande envergadura.

“Aqui os estudos ambientais são fictícios, às vezes inexistentes mesmo, mas isso, julgo, os americanos não querem”, disse.

“As normas internacionais, e até a nossa lei sobre os estudos de impacto ambiental, dizem que antes da aprovação de um projecto há elaboração destes estudos”, afirmou

Aquele especialista nota ainda que “o estudo deve ser submetido a uma audiência pública, aí são as pessoas que dirão se há viabilidade ou não, económica e ambientalmente, não podemos ter desenvolvimento que prejudique a sociedade”.

Já o representante da Power África, Ted Laurence, assinala que a electrificação do Corredor do Lobito não será apenas por via das fotovoltaicas, uma fonte que domina a transição energética em Angola.

“Aquela fonte que der possibilidade de realizar um projecto vai ser usada. Como sabemos, Benguela tem várias zonas por explorar, podemos obter energia sem exclusão de nenhuma possibilidade”, refere Ted Lawrence.