O número de pessoas que fogem das suas casas devido à guerra, à violência e à perseguição atingiu os 114 milhões e está a aumentar porque as nações não conseguiram resolver as causas e os combatentes recusam-se a cumprir o direito internacional, afirmou esta semana o chefe dos refugiados da ONU.
Num discurso contundente na quinta-feira, Filippo Grandi criticou o Conselho de Segurança da ONU, que está encarregado de manter a paz e a segurança internacionais, por não ter usado a sua voz para tentar resolver conflitos desde Gaza, Ucrânia e Sudão até ao Congo, Myanmar e muitos outros locais.
Acusou também países anónimos de tomarem “decisões de política externa míopes, muitas vezes baseadas em dois pesos e duas medidas, com a boca cheia para cumprir a lei, mas com pouca força do Conselho para realmente a defender e - com ela - a paz e a segurança”.
Para Grandi, o incumprimento do direito internacional humanitário significa que “as partes em conflito - cada vez mais em todo o lado, quase todas - deixaram de respeitar as leis da guerra”, apesar de algumas fingirem que o fazem.
O resultado é mais mortes de civis, a violência sexual é utilizada como arma de guerra, hospitais, escolas e outras infra-estruturas civis são atacadas e destruídas e os trabalhadores humanitários tornam-se alvos, afirmou.