Moçambique: Eleições autárquicas sem desfecho

Um eleitor em Nampula descarrega o seu voto na urna. Eleições autárquicas em Moçambique, 11 de outubro 2023

Num processo eleitoral com o desfecho ainda imprevisível, militantes da Frelimo e da Renamo, principais partidos que reclamam vitória nas sextas eleições autárquicas, vivem momentos distintos à espera do veredicto do Conselho Constitucional.

A Renamo continua a promover marchas pelas ruas, na esperança de ver invertidos, parte dos resultados já divulgados pela CNE.

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Moçambique: Eleições autárquicas sem desfecho

“Nós estamos muito expectantes e sabemos que, se forem usados editais originais, a Renamo ganha estas eleições de forma inequívoca” disse Venâncio Mondlane, cabeça de lista da Renamo na cidade do Maputo.

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Renamo vai marchar "até ser confirmada a sua vitória"

Do lado da Frelimo, as emoções continuam contidas e na mesma convicção de sempre, de que as eleições foram ganhas de forma limpa e transparente.

Gonçalves Jemusse, um dos secretários provinciais da Frelimo, disse à imprensa que o partido continua calmo e sereno.

“Nós temos aconselhado os nossos militantes a permanecerem calmos e fazemos os nossos trabalhos ao nível da base, normalmente” explicou.

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Suspeitas

Quarenta dias depois da votação, o Conselho Constitucional, órgão com a responsabilidade de validar o processo eleitoral, solicitou, na passada quarta-feira, à Comissão Nacional de Eleições (CNE), a apresentação de editais e actas originais de quatro autarquias cujos resultados são contestados pela oposição.

A decisão é vista por alguns analistas, como um sinal de que aquele órgão está interessado em repor a verdade eleitoral de forma limpa.

“Isto mostra que o Conselho Constitucional não está alheio à voz da sociedade, por isso, para mim, abre-se aqui uma janela de esperança que deve ser saudada e acarinhada” disse.

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Enquanto isso, há quem mantém suspeição e não acredita que do Conselho Constitucional possa sair uma medida totalmente isenta.

Edson Cortez, director executivo do Centro de Integridade Pública (CIP) fala da presença do Presidente da República na celebração dos 20 anos do Conselho Constitucional, que tiveram lugar há semana e meia, como sendo um sinal que levanta suspeição.

“Porque é que o Conselho Constitucional tem que celebrar os seus 20 anos e lá é convidado o Presidente da República que, ao mesmo tempo, é presidente do partido que é acusado de fraude eleitoral. Alguém acredita que depois daquela farra vamos ter uma decisão justa, transparente e que não olhe para cores partidárias ", questionou Cortez.