O Governo de Angola tem que adoptar urgentemente medidas de proteção do ambiente para evitar o agravamento de situações de secas como aquelas que têm afectado o sul do país.
Este alerta surge no nomento em que líderes africanos debatem em Nairóbi, no Quénia, medidas para mitigar os efeitos dessas mudanças.
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Especialistas afirmam que o desflorestamento é um dos maiores problemas que o país enfrenta e pedem às autoridades que definam sistemas de alerta para proteger a população.
Pelo menos na província do Cunene, centenas de pessoas e de cabeças de gado bovino morreram nos últimos anos devido à escassez de água e à insegurança alimentar.
O ambientalista José Silva diz que o comité de especialidade da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) tem alertado as autoridades angolanas sobre essa realidade, mas sem êxito.
Para aquele especialista, o principal desafio passa por um maior investimento em sistemas de alerta e projetos de adaptação e um alinhamento do discurso político e a prática.
"É preciso que haja, além do discurso a prática, não basta o Canal do Cafu, tem que se implementar outros projetos, como repovoamento florestal, criação de barragens, entre outros", sustenta Silva.
O Canal do Cafu foi construído para resolver os problemas da seca no Cunene, mas a obra apresenta já diversas falhas.
O especialista em biodiversidade António Armando afirma que as secas são causadas pelo abate indiscriminado de florestas, a produção de queimadas para o fabrico do carvão e a exploração desordenada de inertes.
Já o ambientalista Amílcar Salucombo, da organização Develop Workshop, alerta para a necessidade de se preservar os ecossistemas, algo que a não ser feito pode causar grandes problemas no país e em África.
"A situação é preocupante, é preciso tomar medidas pois as consequências são gravíssimas para existência dos seres humanos", alerta Salucombo.
No seu discurso na Cimeira Africana sobre o Clima, que decorre em Nairóbi, a vice-Presidente de Angola, Esperança Costa, referiu que o país aumentou as áreas de conservação florestal e apresentou projetos que têm como principal objetivo aumentar a resiliência das comunidades ou transferir e armazenar água para localidades necessitadas, com destaque para o Canal do Cafu, na região do Cunene.