Venda ilegal de ouro e pedras semipreciosas é potencial fonte financeira de terroristas

Foto de arquivo

As autoridades governamentais moçambicanas dizem que a exploração e venda ilegais de ouro e pedras preciosas na província do Niassa podem ser uma das importantes fontes de financiamento do terrorismo na vizinha provincial de Cabo Delgado, mas há quem interroga o que é que está a ser feito para eliminar essas fontes.

O secretário da unidade de gestão do processo Kimberley, metais preciosos e gemas no ministério moçambicano dos Recursos Minerais e Energia, Castro Elias, disse que devido à vulnerabilidade da fronteira entre Moçambique e a Tanzânia, a província do Niassa perde mensalmente 30 a 40 quilogramas de ouro, produzido, no distrito do Lago.

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Venda ilegal de ouro e pedras semipreciosas é potencial fonte financeira de terroristas

Aquele responsável admitiu que esta quantidade seja inferior, porque a análise Nacional do Risco identificou alguma vulnerabilidade exatamente na comercialização de ouro e de pedras preciosas e semipreciosas.

Castro Elias anotou que ‘’estes produtos têm maior valor económico, mas são muito pequenos’’, recordando que, recentemente, foi vendido um produto pequenino mas que custou mais de 30 milhões de dólares, ‘’e este valor pode ser usado para financiar a guerra no nosso país’’.

Entretanto, o analista político Egídio Plácido, diz que isso até pode estar a acontecer, mas é preciso que o Governo indique o que está a ser feito para conter essa exploração e venda ilegais de ouro e gemas, que ocorrem há já vários anos.

Evidências

Recordou que num passado recente, na zona de Montepuez, em Cabo Delgado, houve uma convulsão social envolvendo exploradores de pedras preciosas, muitos dos quais oriundos da região do corno de África, que resultou na destruição de infraestruturas públicas, ‘’e poucos anos depois eclodiu o terrorismo em Cabo Delgado.

Para aquele analista, esta tese que o Governo está a trazer tem sido defendida por alguns estudos já feitos, apontando que a procura de pedras preciosas pode estar ligada ao financiamento do terrorismo, ‘’mas o mais importante é que o Governo apresente evidências, não vir apenas lamentar’’.

O também analista político Manuel Alves afirmou que o posicionamento do Governo não é de todo defensável, porque os pequenos exploradores de ouro e gemas no Niassa têm agendas distintas da dos terroristas.

Ele referiu que ‘’os terroristas, mesmo que não se queira aceitar, podem estar atrás de algumas agendas, sobretudo políticas, no contexto da exploração do petróleo e gás na província de Cabo Delgado, e não me parece que os pequenos exploradores de ouro e pedras preciosas e semipreciosas estejam em condições de financiar o terrorismo, que é uma grande máquina internacional’’.

Por seu turno, o académico Inácio Alberto diz que para além do comércio de ouro e pedras preciosas e semipreciosas, existem muitas outras fontes de financiamento do terrorismo a que ‘’o Governo não tem prestado qualquer atenção, entre as quais o tráfico de drogas’’.