O Comandante-Geral da Polícia de Moçambique, Bernardino Rafael, assume que se instalou um mal-estar na corporação, decorrente do atraso no pagamento de salários, por causa da aplicação da nova tabela salarial única.
Analistas dizem que esta situação pode agravar a corrupção neste sector tido como dos mais corruptos no país, o que poderá reflectir-se no cidadão comum.
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Moçambique: Mal-estar na Polícia por falta de salários pode propiciar a corrupção
A maioria dos agentes da policia não recebe salários há pelo menos dois meses e Bernardino Rafael diz que isso já está a ter graves consequências, incluindo na saúde das pessoas, ‘’porque tenho colegas que tiveram que cancelar as cirurgias que já tinham sido marcadas, por falta de salários’’.
Ele avançou que ‘’tenho colegas cujas famílias foram expulsas das casas que alugavam, assim como colegas cujos filhos foram impedidos de fazer exames por falta de pagamento de propinas’’.
O chefe da policia explicou que o problema está na emigração do processamento de salários do Comando Geral da corporação para o Ministério da Economia e Finanças, pelo que propõe que os salários continuem a ser processados ao nível daquele comando.
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Atraso salarial na polícia e exército moçambicano
Entretanto, Edmundo Macie, agente policial, diz que o Comandante-Geral está a tentar minimizar uma situação deveras preocupante, sublinhando que ‘’eu e minha mulher ambos somos membros da policia, vivemos numa casa alugada, não temos salários há mais de dois meses, e temos quatro pessoas para sustentar. É verdade que a policia por imperativo da lei, não se deve rebelar, mas é preciso ter em conta o lado humano dos agentes’’.
Não basta
O analista político Rui Mate entende que não basta apelar à calma, é preciso dar alguma indicação efectiva sobre quando é que a questão será resolvida, sobretudo haver uma honestidade muito mais aberta sobre o que é que na verdade está a acontecer, porque há momentos em que dizer a verdade ajuda as pessoas a formar expectativas consoante o que está a ser dito’’.
‘’Podia-se dizer às pessoas, por exemplo, que os salários começam a ser pagos a partir do dia seis do mês seguinte’’, realçou aquele analista, acrescentando ser necessário reconhecer que o Estado está com grandes problemas, e é preciso algum tempo para resolvê-los’’, destacou.
Mate entende ser necessário encontrar soluções, porque ninguém vai trabalhar sem receber, sobretudo num contexto em que, segundo estatísticas, o sector da policia é considerado dos mais corruptos no país, e se não houver uma informação concreta sobre quanto é que o problema poderá ser resolvido, isso poderá agravar a situação’’.
A tabela salarial única faz parte das reformas impostas ao Governo de Moçambique pelos seus parceiros financeiros internacionais, e tem sido motivo de contestação por parte de muitos funcionários públicos, e o analista político Gift Essinalo, diz que isso se deve a muitos erros, sobretudo na sua aplicação.
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