O Parlamento São-tomense aprovou, nesta quarta-feira, 24, com seis meses de atraso, o Orçamento Geral do Estado (OGE) deste ano 2023 avaliado em cerca de 155 milhões de dólares.
O OGE para o presente ano prioriza as áreas das infraestruturas, saúde e educação, numa altura em que São Tomé e Príncipe atravessa uma das maiores crises financeiras da sua história.
Face a situação analistas defendem um novo modelo de soberania para impulsionar a recuperação económica do país.
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Abílio Neto defende que depois da alteração do regime político e do sistema de governação São Tomé e Príncipe deve pensar num novo modelo de soberania para que o país possa sair do marasmo económico e financeiro em que se encontra.
“A soberania total e absoluta tem saído muito cara ao país. Os São-tomenses tem que pensar num novo modelo de soberania partilhada e inteligente que ajude a resolver os problemas económicos e financeiros”, disse Abilho Neto.
Para outro analista, Liberato Moniz a questão da partilha da soberania deve começar pelo sector da justiça.
“A Justiça tem sido o maior entrave ao desenvolvimento de São Tomé e príncipe. Devíamos entregar a administração da justiça a um país onde o rigor e as normas se aplicam, porque neste momento ninguém virá investir em São Tomé e Príncipe com a justiça que temos”, recomenda este analista, que considera que a recuperação económica e financeira do arquipélago também depende da postura dos dirigentes no combate sério a corrupção.
Manuel Costa é outro analista que também aponta a corrupção como maior entrave ao desenvolvimento sócio económico de São Tomé e Príncipe.
“Houve muito desvio de recursos e acordos mal feitos com intensão de lesar o país garantindo o enriquecimento ilícito de muitos dirigentes”, afirmou.
O Primeiro-ministro, Patrice Trovoada disse que São Tomé e Príncipe está a caminhar para uma "inviabilidade económica e financeira que poderá levar o país para uma austeridade violenta”.
Trovoada fez esta afirmação, na terça-feira, 23, no início do debate parlamentar sobre o OGE-2023, onde apelou a mobilização de todos os são-tomenses para evitar o colapso do país, cujo orçamento depende em mais de 80% da ajuda externa para a concretização de investimentos.
A sessão que aprovou o orçamento foi marcada pelo abandono dos deputados do MLSTP-PSD, o maior partido da oposição em protesto a recusa da Presidente do Parlamento à defesa de honra, depois de membros deste partido terem sido acusados de actos de corrupção na anterior governação pelos deputados da ADI, no poder.