Analistas guineenses divergem em torno da recente declaração do ministro da Juventude, Cultura e Desportos, Augusto Gomes, que disse que o “Governo coloca centenas de milhões de francos Cfa à disposição da seleção nacional (…) que poderiam ter sido utilizados para comprar medicamentos para os centros de saúde”.
Numa recente entrevista ao jornal guineense “O Democrata”, o titular da pasta dos Desportos defendeu também a prestação de contas por parte, não só da equipa técnica da Selecção Nacional de Futebol, como também dos próprios jogadores.
Para Augusto Gomes esta prestação de contas não se deve limitar à justificação do dinheiro gasto nas deslocações ou participações do país nas competições internacionais, mas, sim, “trazer bons resultados para os guineenses”.
Convidado a analisar as afirmações do titular da pasta dos desportos, o comentador para assuntos de futebol, Benelívio Nancassa, concorda com o Ministro Augusto Gomes e até considera que o governante “não está a exigir demais”.
Gomes diz que “sabemos que FIFA e CAF dão muito dinheiro a Federação de Futebol da Guiné-Bissau, mas estes apoios não são usados devidamente. Como é que uma pessoa vai fazer uma actividade como CAN e chegar e não fazer o relatório? Como pode identificar os erros para poder corrigi-los numa próxima edição?”
Mas, o jornalista e antigo presidente da Federação Nacional de Futebol, Hipólito José Mendes, tem uma visão diferente, afirmando que “não é salutar e nem agradável por ser ele o Ministro da área a choramingar pelo dinheiro gasto”.
Fontes bem colocadas consideram que o Ministro dos Desportos, Augusto Gomes, quer com estas exigências, fazer rolar algumas cabeças ligadas à Selecção Nacional de Futebol da Guiné-Bissau, alegando “maus resultados”.
“É fácil fazer rolar cabeças, quando há fracassos como é o nosso caso. Mas, será que a nossa participação três vezes seguidas no campeonato africano das nações é um fracasso? O nosso continente tem 54 países e estar três vezes consecutivas em fases finais do campeonato africano das nações é uma grande proeza’ diz Gomes.
E para inverter o actual quadro de prestações da Seleção Nacional de Futebol, sobretudo, nas fases finais de Campeonato das Nações Africanas, consideradas negativas por parte do Ministro dos Desportos, Benelívio Nancassa, diz que as próprias nomeações para a pasta devem ser desprovidas de ligações políticas.
Para Nancassa, “as próprias nomeações dos Secretários de Estado e dos Ministros dos Desportos devme ser fora do ângulo politico (…) pode ser uma pessoa ligada ao partido que venceu as eleições, mas deve ser um quadro formado que vive do desporto e do futebol e não uma nomeação só para assumir cargo”.