Em Cabo Verde, a morte de um agente de segurança prisional baleado na madrugada do domingo, 19, volta a inquietar as pessoas sobre a insegurança e onda de assaltos praticados por jovens na cidade da Praia.
Os dados sobre a criminalidade no país divulgados pela Polícia Nacional em Março indicaram que houve um aumento de 33 por cento de crimes em 2021.
Nos últimos tempos, os gritos de alerta de vários sectores da população têm-se feito ouvir com intensidade, tendo em conta relatos de assaltos e criminalidade praticados por jovens delinquentes sobretudo em alguns bairros do maior centro urbano e populacional do arquipélago.
Analistas sociais e políticos falam da necessidade de se reforçarem mecanismos e politicas sociais para um melhor enquadramento e ocupação aos jovens, acompanhado de medidas mais duras para determinadas criminalidades praticadas pelos delinquentes.
Primeiro-ministro desdramatiza e anuncia medidas
O primeiro-imnistro contrapõe e diz que a criminalidade é uma questão transnacional e que medidas estão a ser tomadas para atenuar o problema e reforçar a segurança, com realce para a alteração do regime relativo à lei de armas e respectivas munições e outras ações importantes.
O antigo Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e ex-conselheiro nacional de segurança, Antero Matos, não acredita que se esteja a perder o controlo, mas ressalta a necessidade de uma maior convergência nacional e tomada de medidas para que não se caminhe para situações mais complicadas e descontroláveis.
Para o brigadeiro Matos, já se perdeu muito tempo na elaboração de um plano estratégico e frente comum das diferentes forças e realça a reforma das Forças Armadas (FA)para que a mesma possa ter um papel mais clarificado e activo na segurança interna.
"Eu creio que o poder politico tem estado a perder tempo em matéria de transformação das FA para que a Guarda Nacional possa cumprir um papel muito mais preponderante em matéria de segurança interna", conclui Matos.
Mais prevenção
Por sua vez, o bastonário da Ordem dos Advogados entende que o problema deve ser melhor analisado nas vertentes sociais e económicas, passarem a ser vistos com maior clareza e profundidade a fim de reduzir as desigualdades existentes.
Hernâni Soares não acredita que a soliução desse problema passará necessariamente pelo aumento da moldura jurídica e penal, mas considera que "as autoridades devem tomar medidas necessárias para evitar essas desigualdades sociais e que geram naturalmente a criminalidade, não creio que passa por um aumento das sanções penais".
Maior investimento na PN para que possam fazer um trabalho mais intenso em matéria de prevenção constitui, na óptica do bastonário da Ordem dos advogados, outro caminho importante a seguir para atenuar a criminalidade com incidência na Praia e noutros centros urbanos.
Refira-se que nas últimas semanas a Brigada Anti-Crime da PN, em parceira com a Policia Judiciária, têm desencadeado operações especiais nos diferentes bairros da capital, culminando na apreensão de armas brancas e de fogo e outros objectos.