Avisto Botaha, de 27 anos, é estudante de Direito da Universidade Católica na província de Benguela.
Botaha sugeriu conversar sobre a actual situação de Angola. Ele explica que há opressão do Governo e que não há direito de manifestação. “Quem manifesta é preso, torturado, até mesmo morto. Já mataram os activistas Cassule e Kamulingue. A gente tenta manifestar e o governo reprime”, desabafa.
De acordo com Botaha, balas de borracha e até balas de verdade já foram usadas contra manifestantes. Isso tem causado medo nos jovens, mas Botaha afirma que, de qualquer maneira, eles são resistentes. Acrescenta que: “há um grande desejo de mudar este país”.
Botaha lembrou que o presidente José Eduardo dos Santos nasceu em São Tomé e e por isso é um estrangeiro. “Nós, como povo angolano, não vivemos como gente, vivemos como galinha", afirma.
Avisto Botaha relatou um incidente que aconteceu com ele e amigos no Lobito, no mês passado. Estavam numa oficina quando apareceram dois oficiais da polícia civil, que começaram a revistar os amigos dele, os quais reponderam que não haviam feito nada e que também não tinham nada.
De acordo com Botaha, os oficiais disseram que eles estavam a fumar cangonha e começaram a revistá-los, mesmo sem terem provas. Depois, um polícia tirou uma pistola e bateu na nuca de um dos amigos de Botaha, que começou a sangrar. Botaha aconselhou o amigo a ficar calmo e ir até a esquadra para conversar. Na esquadra, o amigo acabou preso sem mesmo ser ouvido. Botaha concluiu dizendo que o amigo não havia cometido nenhum crime que justificasse a prisão.
Ele descreveu a situação como muito preocupante. Um outro agravante, segundo ele, é que não há nenhuma organização dos direitos humanos na província porque foram fechadas.
Mesmo assim, Botaha diz não perder a esperança e acredita que as coisas vão mudar no país.
Your browser doesn’t support HTML5