SIDA: Números de novas infecções diminuem entre crianças

A Fundação Elizabeth Glaser SIDA Pediátrica diz que o progresso que está a ser obtido não é suficiente.
Em anos recentes, no mundo em desenvolvimento, os adultos infectados com o HIV tinham maior acesso ao tratamento anti-SIDA.

Mas o departamento das Nações Unidas para a SIDA, ONUSIDA, diz que as crianças continuam a estar atrás no acesso aos medicamentos anti-retrovirais, especialmente os concebidos para crianças.

A ONUSIDA adverte que a maior parte das crianças que não forem tratadas morrerão antes de completarem cinco anos de idade.

A Fundação Elizabeth Glaser diz que está a ser feito progresso para evitar novas infecções entre as crianças.

Desde 2009 registou-se uma redução de 24% em novas infecções.
Grande parte desta diminuição deve-se ao uso de anti-retrovirais por mais mulheres grávidas que são seropositivas. Contudo, há muito a fazer conforme o afirmou Mary Pat Kiefer, directora da equipa técnica da Fundação Elizabeth Glaser.

“Temos muitas crianças a serem infectadas e só na África subsaariana – no ano passado – 300 mil crianças apareceram infectadas. Um grande número. Estamos a ter problemas em identificar estas crianças para as podermos enviar para tratamento – disse Mary.

Estima-se que em 2011, apenas 28% das crianças a precisar de tratamento anti-HIV o receberam.

Parte do problema está nos sistemas de saúde africanos, os quais, diz Mary Pat Kiefer, não conseguem enviar as crianças de mulheres seropositivas para os serviços apropriados.

Tratar as crianças seropositivas não é apenas dar-lhes uma dose menor do medicamento para adultos. As crianças têm que receber medicamento apropriado à sua idade, à sua constituição física.

Segundo Mary Pat Kiefer há medicamentos anti-retrovirais para crianças, só que não há em quantidade suficiente. Os medicamentos também não são fáceis de administrar – para os mais novos é-lhes dado um género de xarope grosso cujo gosto não é de forma a cativa-los.

Para as crianças mais velhas, estas recebem três doses dos três medicamentos infantis mas em tablete o que se torna mais fácil de administrar. Os bebes continuam a representar um problema em termos de medicamentos disponíveis.
Mary Pat Kiefer diz que com os números a descerem as companhias farmacêuticas terão menos incentivo em desenvolver novos medicamentos para crianças – sobretudo que sejam mais fáceis de administrar.

Isto porque desenvolver novos medicamentos é um processo dispendioso e os lucros são por vezes poucos.

A Fundação Elizabeth Glaser para o SIDA Pediátrico dedica grande parte do seu trabalho a evitar que as crianças contraem o vírus da SIDA.

Isso começa por tratar as mães grávidas que sejam seropositivas.
No topo do regime de tratamento está agora uma combinação de três medicamentos. Apesar de ainda continuar a ser usada a velha combinação com apenas dois dos medicamentos. Havia só a navirapine, um medicamento que era dado à mãe e ao seu bebe, na hora do parto. Os medicamentos que agora existem cobrem já a gravidez até ao período da amamentação.
Contudo, Mary Pat Kiefer adverte que só os medicamentos não resolvem o problema.

É preciso colocar mais atenção à saúde materna-infantil e a melhorar os sistemas de saúde.

A fundação recebe grande parte do financiamento do PEPFAR, o Plano Presidencial de emergência para o Alivio da SIDA.

E para o próximo ano esse financiamento pode ser reduzido devido aos problemas orçamentais americanos.

Desde 2009, seis países africanos lideraram o processo de redução de novas infecções entre as crianças em mais de 40%.

E a Namíbia está no topo dessa lista apresentando 60% de redução de novos casos de SIDA pediátrico.