Ataque na Argélia demonstra vulnerabilidade de instalações e fraquezas de governos africanos
O director da companhia petrolífera britânica BP disse que as mais de 80 mortes causadas pelo ataque terrorista a um complexo de produção de gás na Argélia levaram a companhia a rever a sua segurança.
O ataque é um dos piores da história recente mas faz parte de um crescente padrão de ataques e raptos contra operações mineiras, petrolíferas e de gás.
Analistas dizem que o incidente demonstra a necessidade de uma melhor segurança e dos governos aumentarem os seus esforços para garantir a paz e estabilidade.
O director executivo da BP Bob Dudley disse que a sua companhia nunca tinha sofrido um ataque desta envergadura que que causou a morte de trabalhadores da Argélia, Estados Unidos, Grã Bretanha, França, Japão e Noruega.
Mas ataques deste tipo estão agora a ocorrer através de África, especialmente em nações ricas em recursos mas que têm falta de segurança interna e infra estruturas.
Países como a Argélia, Nigéria e Angola dependem grandemente nas suas exportações de energia. Mas como estas nações estão a descobrir, esses recursos podem trazer perigos.
Dezenas de trabalhadores estrangeiros têm sido raptadas, atacados ou mortos nos últimos cinco anos através do continente.
Muitas vezes os atacantes querem fazer reféns para obter resgates. Outras vezes têm objectivos políticos.
Na Nigéria uma organização que opera na região do Delta diz que efectua raptos e sabotagem como parte da luta pela igualdade do seu povo. No enclave angolano de Cabinda separatistas tem levado a cabo uma guerra há muitos anos por uma maior autonomia senão mesmo independência
O analista Balaji Srimoolanathan diz que o objectivo dessas organizações é o de chamar a atenção internacional e ter o maior impacto possível.
Srimoolanathan, consultor para questões de defesa e segurança na companhia Frost & Sullivan, disse que o aumento destes ataques tem sido muito bom para a indústria de segurança que guarda infra-estruturas de gás e petróleo. O especialita disse que se estima que em 2011 companhias de segurança ganharam mais de 18 mil milhões de dólares. Até 2021 estima-se que isso vai subir para mais de 31 mil milhões de dólares.
Manter essas infra-estruturas em segurança tem muitas implicações disse o perito.
“ Muitas companhias como a BP e a Shell, que têm enormes operações em África, estão a investir significativamente na segurança dos seus complexos,” disse ele.
O perito disse que “numa escala africana, há países que dependem do petróleo e gás para o seu crescimento económico, que não levam a cabo um esforço muito sério para a segurança das suas infra estruturas de gás e petróleo e isso poderá paralisar as suas economias”.
“Como as companhias acabam de descobrir, isto é agora uma questão muito grave e de grande risco para África,” acrescentou
Srimmolanatah sugeriu que as nações africanas se juntem para criar uma infra-estrutura de segurança à escala do continente.
A analista Anneli Botha do Instituto de Estudos de Segurança com sede em Pretoria na África do sul descreveu o ataque na Argélia como uma chamada de atenção para África. Botha disse que os ataques contra esse tipo de infra estruturas revelam um outro problema nomeadamente o falhanço das nações africanas em manter a segurança e satisfazer as necessidades dos seus povos.
“Há um ciclo mas o ciclo não é composto pelas multinacionais. O ciclo começa com o facto de não se fornecer serviços básicos que os povos precisam. Isso não é da responsabilidade das multinacionais,” disse a especialista para quem a questão do governo “é obviamente um aspecto essencial de todo o debate”.
“Quer se esteja na África do Sul, quer se esteja na Nigéria, na Argélia ou no Mali, é preciso haver um governo que funcione,” disse Botha para quem “se não há um governo que funcione está-se permitir que alguém tire vantagem disso”.
“Para mim tudo começa com a pergunta: Qual é o nível de governação nestes países? È claro que se há uma situação de ma governação isso pode ser usado e é em grande parte usado por outros,” acrescentou.
Companhias gigantes como a BP e a Shell não disseram ainda como tencionam melhorar a segurança nos seus complexos petrolíferos ou de gás. Mas isso terá que ser feito. Ninguém espera que a indústria deixe de funcionar.
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O ataque é um dos piores da história recente mas faz parte de um crescente padrão de ataques e raptos contra operações mineiras, petrolíferas e de gás.
Analistas dizem que o incidente demonstra a necessidade de uma melhor segurança e dos governos aumentarem os seus esforços para garantir a paz e estabilidade.
O director executivo da BP Bob Dudley disse que a sua companhia nunca tinha sofrido um ataque desta envergadura que que causou a morte de trabalhadores da Argélia, Estados Unidos, Grã Bretanha, França, Japão e Noruega.
Mas ataques deste tipo estão agora a ocorrer através de África, especialmente em nações ricas em recursos mas que têm falta de segurança interna e infra estruturas.
Países como a Argélia, Nigéria e Angola dependem grandemente nas suas exportações de energia. Mas como estas nações estão a descobrir, esses recursos podem trazer perigos.
Dezenas de trabalhadores estrangeiros têm sido raptadas, atacados ou mortos nos últimos cinco anos através do continente.
Muitas vezes os atacantes querem fazer reféns para obter resgates. Outras vezes têm objectivos políticos.
Na Nigéria uma organização que opera na região do Delta diz que efectua raptos e sabotagem como parte da luta pela igualdade do seu povo. No enclave angolano de Cabinda separatistas tem levado a cabo uma guerra há muitos anos por uma maior autonomia senão mesmo independência
O analista Balaji Srimoolanathan diz que o objectivo dessas organizações é o de chamar a atenção internacional e ter o maior impacto possível.
Srimoolanathan, consultor para questões de defesa e segurança na companhia Frost & Sullivan, disse que o aumento destes ataques tem sido muito bom para a indústria de segurança que guarda infra-estruturas de gás e petróleo. O especialita disse que se estima que em 2011 companhias de segurança ganharam mais de 18 mil milhões de dólares. Até 2021 estima-se que isso vai subir para mais de 31 mil milhões de dólares.
Manter essas infra-estruturas em segurança tem muitas implicações disse o perito.
“ Muitas companhias como a BP e a Shell, que têm enormes operações em África, estão a investir significativamente na segurança dos seus complexos,” disse ele.
O perito disse que “numa escala africana, há países que dependem do petróleo e gás para o seu crescimento económico, que não levam a cabo um esforço muito sério para a segurança das suas infra estruturas de gás e petróleo e isso poderá paralisar as suas economias”.
“Como as companhias acabam de descobrir, isto é agora uma questão muito grave e de grande risco para África,” acrescentou
Srimmolanatah sugeriu que as nações africanas se juntem para criar uma infra-estrutura de segurança à escala do continente.
A analista Anneli Botha do Instituto de Estudos de Segurança com sede em Pretoria na África do sul descreveu o ataque na Argélia como uma chamada de atenção para África. Botha disse que os ataques contra esse tipo de infra estruturas revelam um outro problema nomeadamente o falhanço das nações africanas em manter a segurança e satisfazer as necessidades dos seus povos.
“Há um ciclo mas o ciclo não é composto pelas multinacionais. O ciclo começa com o facto de não se fornecer serviços básicos que os povos precisam. Isso não é da responsabilidade das multinacionais,” disse a especialista para quem a questão do governo “é obviamente um aspecto essencial de todo o debate”.
“Quer se esteja na África do Sul, quer se esteja na Nigéria, na Argélia ou no Mali, é preciso haver um governo que funcione,” disse Botha para quem “se não há um governo que funcione está-se permitir que alguém tire vantagem disso”.
“Para mim tudo começa com a pergunta: Qual é o nível de governação nestes países? È claro que se há uma situação de ma governação isso pode ser usado e é em grande parte usado por outros,” acrescentou.
Companhias gigantes como a BP e a Shell não disseram ainda como tencionam melhorar a segurança nos seus complexos petrolíferos ou de gás. Mas isso terá que ser feito. Ninguém espera que a indústria deixe de funcionar.