UNITA vai a votos mas impugna eleições; Rui Falcão diz que UNITA vai perder

  • Luís Costa Ribas

Isaías Samakuva discursa durante manifestação da UNITA em Luanda (VOA - foto de arquivo)

Isaías Samakuva, em entrevista à VOA, diz que "estas eleições não seriam aceites em lado nenhum do Mundo; mas se não votarmos não podemos impugnar". MPLA diz que UNITA está desesperada.

O presidente da UNITA, Isaías Samakuva, revelou que o seu partido vai impugnar as eleições desta sexta-feira, mas exortou os seus apoiantes a votarem.

"O processo está completamente viciado", disse Samakuva, numa entrevista à Voz da América. "Não há país nenhum que aceite eleições desta forma".

"Mas nas circunstâncias presentes, e privilegiando a legalidade, que nós temos defendido - temos estado a dizer sempre que nós estamos em defesa da lei - nós decidimos que vamos votar amanhã", disse Samakuva, entrevistado em directo pela emissora americana, no final de uma reunião da direcção da UNITA.

Mas anunciou que "nós vamos imediatemente impugnar o processo".

Disse que "esta é a decisão, porque se não votarmos, não estaremos em condições de impugnar o processo", adiantou Samakuva.

O presidente da UNITA apelou à "calma, serenidade, durante o processo eleitoral.

Quinta-feira à noite, Samakuva pediu uma reunião urgente com o presidente José Eduardo dos Santos, para lhe propor o adiamento das eleições, por forma a que fossem solucionadas irregularidades processuais alegadas pela UNITA.

O presidente angolano não respondeu. Mas, o porta-voz do MPLA, Rui Falcão, disse à agência Lusa que "a proposta de Isaías Samakuva é um sinal de desespero porque não só vai perder as eleições para o MPLA como vai perder ainda para outro partido", disse numa referência à CASA-CE de Abel Chivukuvuku, um dissidente da UNITA.
Antes, numa declaração pública, considerada, também, uma resposta, o comandante da polícia nacional, Ambrósio Lemos, considerou que a UNITA fez uma declaração “leviana” - que representa uma ameaça à qual as unidades policiais estão preparadas para responder.


"Somos uma instituição do Governo e a polícia vai defender este Governo até às últimas consequências e muito especialmente o seu líder, porque é um Presidente que está aqui, e não podemos permitir que qualquer pessoa de forma leviana desafie e insulte a mais alta entidade deste país" – citamos textualmente o comandante nacional da polícia.

Segundo Ambrósio de Lemos, a Polícia Nacional "está pronta para dar resposta a todos os desafios que atentem contra a estabilidade e a materialização das eleições" e apela "a todas as formações políticas para que os seus militantes e simpatizantes observem as leis, normas e regulamentos estabelecidos".
Ambrósio de Lemos, disse que em caso da perturbação da ordem, a sua força dará – citamos – "uma resposta para o imediato restabelecimento da segurança pública".

A ideia do adiamento das eleições foi suscitada porque, segundo a oposição, a CNE não cumpriu a lei pois não divulgou integralmente os cadernos eleitorais, não acreditou todos os delegados de listas partidárias às mesas de voto e não garante o acesso dos delegados às actas das mesas de voto, no próprio local.