A Guiné-Bissau é o país de língua portuguesa pior colocado no Índice de Percepção da Corrupção de 2022, divulgado nesta terça-feira, 31, pela Transparência Internacional, (TI) que analisa a situação em 180 países.
Moçambique subiu cinco degraus em relação ao ano passado (142).º, enquanto Angola ascendeu quatro lugares, mas continua na 116a. posição na tabela.
Cabo Verde é o lusófono em África melhor colocado (35), mais quatro do que em 2021, e São Tomé e Príncipe, que subiu três lugares, está agora na 65a. posição.
O Índice de Percepção da Corrupção é divulgado cada ano, desde 1995, pela organização não governamental Transparência Internacional e tem sido uma referência na análise do fenómeno da corrupção, a partir da percepção de especialistas e executivos de negócios sobre os níveis de corrupção no sector público.
A Guiné-Bissau obteve apenas 26 pontos numa escala que vai de zero aos 100, a melhor pontuação.
De acordo com a TI, a corrupção é uma realidade alargada e não há sinais visíveis de medidas para a combater.
Moçambique é o lusófono em África que mais degraus subiu no índice, 5, ocupando agora a posição 142a., mas com apenas 26 pontos num máximo de 100.
Para a TI, “a falta de uma boa liderança condiciona a forma de lidar com os desafios de segurança e a sua vulnerabilidade à corrupção prejudica as respostas do Estado”.
Apesar da tendência de subida nos últimos cinco anos, quando se compara o país com a classificação de há 10 anos, Moçambique caiu cinco posições.
Por seu lado, Angola subiu quatro lugares, mas, com 30 pontos, continua na 116a. posição na tabela.
Apesar de reconhecer que o combate à corrupção anunciado pelo Presidente João Lourenço, em 2017, "estar a surtir efeitos", a TI destaca que "continua a haver a preocupação de que as investigações de corrupção tenham motivação política e de que o partido do governo (Movimento Popular de Libertação de Angla) possa ter como alvo a oposição”.
Nos últimos cinco anos, o país ganhou 18 pontos.
Cabo Verde é o lusófono em África melhor colocado, com 60 pontos em 100, ao subir quatro lugares e ocupar a posição 35a.
O Índice pontua que "as reformas do sector público também mantiveram Cabo Verde como líder da região" em virtude de ter aplicado "várias medidas para aumentar a transparência nas transacções governamentais e comerciais, de acordo com seus compromissos da Parceria de Governo Aberto".
Por sua vez, São Tomé e Príncipe, que também subiu três degraus, está agora no lugar 65.
No relatório, a organização não governamental internacional com sede em Berlim, na Alemanha, diz que apesar dos esforços concentrados e muitos ganhos duramente conquistados, o Índice de Percepção da Corrupção 2022 mostra que a escala da corrupção é enorme.
"A média mundial permanece inalterada em 43 pontos em 100 pelo 11o. ano consecutivo, e mais de dois terços dos países (68 por cento) têm uma pontuação abaixo de 50".
A presidente da TI escreve no relatório que "a corrupção tornou nosso mundo mais perigoso" porque "como os governos falharam colectivamente em fazer
progressos contra ela, eles alimentam o actual aumento da violência e conflitos, que colocam pessoas em perigo em todos os lugares".
Para Delia Ferreira Rubio, "a única saída é os Estados fazerem o trabalho duro, eliminar a corrupção em todos os níveis para garantir que os Governos trabalhem
para todas as pessoas, não apenas para uma elite".
No capítulo da África Subsahariana, a TI diz que "a pandemia da Covid-19 afectou severamente os meios de subsistência, aprofundou desigualdades e aumentou riscos de corrupção", por isso, a "região continua a ter o mais baixo desempenho no índice, com uma média de 32 pontos".
Em termos numéricos, 44 dos 49 países avaliados estão abaixo de 50 pontos e registaram-se quedas significativas em muitos deles, superando as conquistas de poucos.
No continente africano, estão acima dos 50 pontos apenas Seichelles, Cabo Verde, Ruanda e Maurícias.
Fórum