As autoridades guineenses desdramatizam a acusação da vizinha Guiné-Conacri, segundo a qual, as armas apreendidas no seu território foram introduzidas a partir de Bissau.
O presidente Umaro Sissoco Embalo e o ministro da Defesa, Sandji Fati, qualificaram a informação de “fake news”, numa altura em que a Conacri está a braços com a crise pós-eleitoral.
Sobre tais acusações e perante a recusa pelas autoridades da Guiné-Bissau de ter introduzido armadas no pais vizinho,
Rui Neumann, jornalista e analista de questões geopolíticas, diz que o ministro da Segurança e Proteção Civil da Guiné Conacri, Albert Damantang Camara, tem agora a tarefa difícil de provar o que disse.
“Se de facto a Guiné-Bissau teria enviado armadas para a Guiné Conacri, estas armas nunca teriam carimbo Made in Guiné-Bissau; tão pouco se tivesse enviado um grupo de militares para efectuarem operações de destabilização, estes homens nunca iriam com uniformes da Guiné-Bissau ou documentos que pudessem confirmar a sua origem. Este é o princípio básico nas operações clandestinas”, disse Neumann.
Mas, para Sabino Santos, editor do jornal “Última Hora”, a “ligeireza com que Bissau está a abordar esta questão, não é a melhor forma de lidar com a situação”.
“Ouvimos Umaro Sissoco Embaló há dias a falar sobre o assunto, considerando-o de ‘fake news’; ainda ouvimos o ministro da Defesa igualmente a dizer o mesmo, penso que a forma de reagir sobre esta situação devia ser outra, ” disse Santos.
Noutra perspetiva, a acusação de Conacri sobre o alegado envolvimento de Bissau na introdução de armas no seu território, vai complicar ainda as relações entre os dois países, diz Neumann.“Mas não irá agravar mais do que já estava, desde a tomada de posse de Umaro Sissoco Embaló”.
Neumann ressalva que “nas tensões diplomáticas” entre os dois “a Guiné – Bissau é o elo mais fraco (…) e outro elemento a ter em conta é que nenhum Chefe de Estado é eterno (…) qualquer tensão entre os dois países, por mais grave ou ténue que seja, será sempre efémera”. .
Mas para Sabino Santos a crise entre os dois estadistas “não será de curto prazo, se admitirmos que tanto Umaro Sissoco Embaló, como Alpha Condé, têm pela frente cinco anos de mandato, acho que esta crise durará todo este tempo”.
As relações entre os presidentes da Guiné-Bissau e da Guiné Conacri degradaram-se após Alpha Condé ter anunciado o seu terceiro mandato, complicando a agenda do seu opositor, Cellou Dalen Diallo, que tem apoios claros de Umaro El Mocktar Sissoco Embaló e de outros Chefes de Estados da sub-região da etnia Fulani.