Relatórios recentes sobre mudanças climáticas continuam a alertar para os enormes perigos que ameaçam vida humana das futruras gerações, tal como tem acontecido nas últimas três décadas.
O debate, no entanto, parece estar longe do fim e as medidas tomadas pelos decisores públicos não respondem em tempo útil e na medida mais acertada aos desafios que, cada dia, são maiores e de mais dificil combate.
Nos últimos tempos, países poluidores como Estados Unidos e Brasil, principalmente, mas também a China, têm recuado nos seus compromissos internacionais e discursos e politicas apontam, inclusive, em sentido contrário.
Os países africanos são considerados vítimas dessas alterações por serem menos poluentes, mas também não têm uma agenda única e concertada para fazer frente aos seus próprios desafios e ameaças, bem como ao poder dos países e economias ponderosas.
Rui Freitas, biólogo
e professor da Universidade de Cabo Verde (UNI-CV), considera que o debate e as contribuições dos técnicos se "esgotaram porque apresentamos já todas as evidências que provam que há que agir".
Freitas lamenta que os politicos não tomem as decisões que devem ser implementadas, "até o dia que o mal lhes bater à porta".
Entretanto, adverte por exemplo, e no caso de Cabo Verde, "o partido que apresentar uma agenda verde e tiver propostas no campo ambiental, nas próximas eleições, levará a melhor", porque as pessoas começam a sentir os feitos e "há protestos em todo o mundo".
África em situação privilegiada
Tal como Rui Freitas, o ambientalista e presidente do município de Quelimane, em Moçambique, Manuel Araújo, diz que é hora de actuar em vários aspectos.
"Há falta de informação, de educação e de envolvimento da sociedade", reconhece Araújo que acredita em decisões em breve, por exemplo a nível da ONU, que faráo avançar esse combate.
"Moçambique é um caso paradigmático das consequuências das mudanças climáticas, como vimos este ano com os ciclones Idai e Kenneth" e "da forma como nos preparamos ou não", acrescenta Araújo
Aquele edil é de opinião que as cidades têm um papel importante e dá exemplos de infraestruturas desenvolvidas com a ajuda da cooperação internacional.
Adverte, entretanto, para os perigos que decorrem de agendas diferenciadas entre os poderes central e local, mormente quando as cores políticas são diferentes.
Nesta edição da Agenda Africana
, Rui Freitas e Manuel Araújo abordam vários aspectos relacionados à problemática das mudanças climáticas.
Ambos concordam que a África está numa posição privilegiada para vencer os desafios que têm pela frente.
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