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África do Sul: O inferno subterrâneo dos mineiros ilegais presos em Stilfontein


Polícia sul-africana em confronto com centenas de mineiros ilegais num poço desativado
Polícia sul-africana em confronto com centenas de mineiros ilegais num poço desativado

“No subsolo, não há mais nada para um ser humano sobreviver”, diz Ayanda Ndabeni, um mineiro ilegal que escapou dos túneis abandonados da agora infame mina de ouro de Stilfontein, cercada pela polícia sul-africana que tenta expulsá-los há duas semanas.

Depois de dois meses debaixo da terra, este “zama zama”, como são conhecidos na África do Sul os mineiros clandestinos, saiu na sexta-feira do poço, utilizando uma corda, que se afunda a um quilómetro e meio de profundidade.

O silêncio no local, perturbado apenas pelo zumbido do drone de vigilância da polícia, quase esconde o facto de centenas de pessoas estarem a definhar debaixo da terra, no veldt de Stilfontein, cerca de 150 quilómetros a sudoeste de Joanesburgo.

Há duas semanas que as autoridades restringem os abastecimentos para obrigar os mineiros ilegais a ressurgir nestas terras mineiras nos limites do Estado Livre, onde o rio Vaal, a apenas cinco quilómetros de distância, marca a fronteira.

Não vamos enviar ajuda aos criminosos, vamos expulsá-los”.
Khumbudzo Ntshavheni, ministra da Presidência

Os comentários da ministra da Presidência, que se recusou a ajudar os mineiros, suscitaram reações de indignação, nomeadamente nas fileiras da oposição, num país onde os “zama zamas” têm uma reputação sulfurosa entre uma parte da população que associa a sua atividade a um aumento da criminalidade.

“Esta operação policial parou tudo, estamos a sofrer na clandestinidade. Alguns morreram. Outros estão doentes, em estado crítico”, disse Ayanda Ndabeni, de 35 anos.

Tal como ele, uma dezena de mineiros viu a luz do dia nos últimos dias. Um corpo em decomposição também foi trazido à superfície.

Cigarros e cerveja na mão, Ayanda Ndabeni diz que não foi detido pela polícia porque não tem registo criminal e é sul-africano. Ao contrário de outros “zama zamas” (“aqueles que tentam” em zulu) que foram deportados, que são frequentemente imigrantes ilegais do Lesoto, Moçambique ou Zimbabwe.

No total, poderão ser cerca de 4.000 em Stilfontein, segundo um membro da comunidade do município vizinho de Khuma, que trabalha todos os dias para apoiar os mineiros.

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