O economista Tito Mboweni está de volta ao executivo sul-africano para assumir, a partir desta terça-feira, 9, o cargo de ministro das Finanças.
Mboweni, ex-governador do banco central do país, substitui Nhlanhla Nene, que está a ser ouvido pela comissão que investiga a interferência da familia Gupta, de origem indiana, no governo do afastado presidente Jacob Zuma.
Nene admitiu ter se relacionado com os Guptas, entre 2010-2014, o que foi motivo para Ramaphosa ser pressionado para o afastar do seu governo.
Aquisição de Refinaria em Nacala
Por outro lado, em 2014, altura em que Nene era gestor da Corporação de Investimento Público (PIC), a empresa do seu filho Siyabonga Nene pediu financiamento para a aquisição de 50% da S&S Refinarias de Óleos, em Nacala, de Momade Rassul Rahim.
A PIC é financiada pelo fundo de pensões dos funcionários públicos sul-africanos. Siyabonga pretendia adquirir a participação na empresa moçambicana com o seu sócio indiano Muhammad Amir Mirza, com o qual estabelecera a Indiafrec Trade&Invest.
O projecto inicial submetido era de 100 milhões dólares e teve apreciação positiva da PIC. Siyabonga retirou-se da empresa, mas consta que o seu sócio indiano teve pagamentos da PIC operando com outra empresa.
Segundo reporta o Mail and Guardian, o porta-voz de Nene disse que ele apenas teve conhecimento do envolvimento do filho na Indiafrec numa conversa casual, e nunca interferiu nas negociações entre aquela empresa e a PIC.
Mboweni e mudanças radicais
Ao anunciar Mboweni, o porta-voz do ANC, partido que governa o país, destacou as qualidades do homem com a fama de defender mudanças radicais para a transformação da economia da África do Sul.
“Ele sabe do que irá falar, Tito é economista com ricos conhecimentos sobre ambas questões fiscais e monetárias”, disse Gwede Mantashe, que é também ministro dos Recursos Minerais.
Segundo o jornal sul-africano Mail&Guardian, Mboweni desempenhou um papel muito importante para ajudar o ANC a transformar economia sem garantir o acesso fácil a capitais aos empresários locais.
Mboweni volta a assumir um cargo governamental numa altura em que o presidente Cyril Ramaphosa tenta recuperar a economia do país que enfrenta a recessão e alto índice de desemprego.
Analistas vaticinam que Mboweni poderá aplicar as suas visões radicais novo posto.
No mês passado, consciente de ser uma opinião pouco popular, disse em entrevista a CNBC-Africa, que o seu país para evitar uma recessão à larga escala deve, entre outras medidas, reduzir funcionários públicos, “ter poucos, mas bem remunerados e usar a poupança resultante do corte em infraestruturas”.
Mboweni, 59 anos de idade, é da etnia tsonga, de Tzaneen, em Limpopo. Fez o mestrado de economia de desenvolvimento, na Universidade de East Anglia, no Reino Unido.
Membro do ANC desde a juventude, foi, em 1994, nomeado ministro do Trabalho, por Nelson Mandela.
Em 1999 foi nomeado governador do Banco Central da África do sul, por Thabo Mbeki. Ocupou o cargo até 2009.