A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou nesta segunda-feira que o vírus zika é uma emergência de saúde pública global, no momento em que a doença ligada a milhares de casos de microcefalia no Brasil se dissemina rapidamente.
A directora-geral da OMS, Margaret Chan, disse a repórteres que é preciso uma resposta internacional coordenada para melhorar a detecção e acelerar os trabalhos em busca de uma vacina e diagnósticos melhores, mas que não são necessárias restrições às viagens ou ao comércio.
A designação foi recomendada por um comité de especialistas independentes daquela agência da ONU após críticas sobre uma resposta hesitante até agora.
"Os integrantes do comité concordaram que a situação reúne as condições para uma emergência de saúde pública de preocupação internacional. Eu aceitei este conselho", disse Chan.
A responsável da OMS afirmou que adiar viagens é algo que as gestantes "podem considerar", mas adiantou que se elas precisam viajar, devem tomar medidas de protecção pessoal, cobrindo-se e usando repelente de mosquitos.
O diretor do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), Thomas Frieden, reagiu dizendo que a declaração "convoca o mundo a agir" em relação ao zika.
Derek Gatherer, professor da Universidade de Lancaster, afirmou que a decisão da OMS é "como uma declaração de guerra, neste caso contra o vírus zika".
O comité de emergência de regulamentações internacionais de saúde da OMS reúne especialistas em epidemiologia, saúde pública e doenças infecciosas das Américas, Europa, Ásia e África.
Até agora, o Brasil relatou cerca de 4.000 casos suspeitos de microcefalia, uma má-formação cerebral em que as crianças nascem com cérebros menores do que o normal, que foi ligada ao vírus zika, embora a conexão ainda não seja definitiva.
Margaret Chan declarou que a ligação de causalidade era "fortemente suspeita, mas ainda não cientificamente comprovada".
A Colômbia tem cerca de 2.100 casos suspeitas de microcefalia.
Entretanto, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, disse à Reuters que a epidemia é pior do que se acreditava, já que em 80 por cento dos casos as pessoas infectadas não apresentam sintomas.[nE6N13E00I]
A Organização Pan-Americana da Saúde afirma que o vírus zika já se espalhou por 24 países e territórios nas Américas.