Numa declaração que intensifica a embaraçosa luta pelos restos mortais do antigo Presidente angolano José Eduardo dos Santos, o seu filho José Filomeno dos Santos, “Zénu”, juntou-se à sua irmã Tchizé afirmando que é a família quem deve decidir sobre o enterro do pai, que morreu em Barcelona.
Isto ao mesmo tempo que um juiz espanhol indicou que provavelmente o corpo será entregue à família.
Em declarações ao jornal New York Times, Zénu dos Santos “evitou um pergunta sobre onde e quando é que que queria que o seu pai seja enterrado”. Mas em declarações por e-mail respondeu:
“O Estado não tem uma obrigação constitucional para assumir o enterro do meu pai”, disse e acrescentou que “decisão jaz com a família”.
As declarações estão contidas numa longa reportagem do influente diário americano intitulada “Morto mas não enterrado, corpo do ex-Presidente provoca luta em dois continentes”.
Nessas declarações ao New York Times, “Zénu” dos Santos disse que quando o seu pai regressou a Angola no ano passado foi humilhado pelo Governo de João Lourenço.
“O meu pai foi extremamente humilhado quando regressou pela primeira vez a Angola, algo que fez contra a nossa opinião e conselho, convencido que o Presidente João Lourenço queria alcançar uma reconciliação sincera”, disse o filho do antigo Presidente, quem declarou recentemente não ter podido deslocar-se a Barcelona porque o seu passaporte foi confiscado pelas autoridades angolanas,enquanto aguarda um apelo à sua condenação a vários anos de prisão por corrupção.
A transladação do corpo de José Eduardo dos Santos aguarda uma decisão de um tribunal espanhol mas em declarações ao New York Times um juíz que analiza o caso indicou que o corpo deverá ser entregue à família.
“Se não houver nada o corpo tem que ser entregue à família”, disse ao diário o juíz Franscico Gonzalez Maíllo que, segundo o jornal, “é o juiz em Barcelona que terá que decidir sobre quais os membros da família que vão receber o corpo”.
O diário não dá mais pormenores mas uma questão sobre quem terá o direito ao corpo que permanecerá por resolver é se são os filhos que se opõem a um enterro estatal em Luanda ou à esposa Ana Paula de quem o Presidente nunca se divorciou mas de quem se encontrava separado há vários anos.
Ana Paula dos Santos encontrava-se em Barcelona há várias semanas quando o antigo Presidente morreu.
O New York Times disse ainda que Tchizé dos Santos dementiu ao jornal que ela e os seus irmãos estivessem a tentar negociar uma amnistia neste diferendo enquanto a procuradoria geral negou que tivesse algum mandato para negociar isso.
“O procurador geral não negoceia”, disse o porta voz Alvaro João que confirmou a ida à Espanha do Procurador Geral da República, Hélder Pitta Grós.