Os Estados Unidos negaram estar a minar o governo sírio. Mas reconhecem estar envolvidos no reforço de grupos da sociedade civil naquele país. Os comentários do departamento de estado seguem-se a uma reportagem sugerindo que fundos americanos tinham ido directamente para facções da oposição síria.
Responsáveis do departamento de estado dizem que os esforços americanos para construir uma sociedade civil na Síria são semelhantes a programas em curso noutros países, mas que a diferença é que o governo sírio do presidente Bashar al-Assad os entende como subversivos.
Os comentários surgiram em resposta a uma reportagem do jornal Washington Post citando correspondência diplomática americana, passada à imprensa, de que o Departamento de Estado tem vindo a financiar secretamente grupos da oposição síria.
O jornal avançava ter recebido a correspondência do grupo Wikileaks, cuja disseminação de aparente correspondência diplomática americana, desde o ano passado, complicou o relacionamento de Washington com vários países.
Afirma-se que os documentos agora divulgados indicam que o dinheiro americano foi canalizado para a Barada TV, uma televisão de cabo criada por exilados sírios com laços próximos do movimento anti-Assad para a Justiça e Desenvolvimento, sediado em Londres.
O Adjunto do porta-voz do Departamento de Estado Mark Toner repetiu, durante um briefing, ser política da administração Obama não comentar a autenticidade de alegados documentos, entregues à imprensa.
Mas notou que os Estados Unidos – que mantém relações diplomáticas com a Síria – não estão a tentar derrubar Bashar al-Assad. Os Estados Unidos, disse, através de grupos da sociedade civil, estão a ajudar a construir instituições democráticas, tal como noutras partes do mundo.
Toner disse que o programa na Síria é igual ao que os Estados Unidos levaram a cabo na Europa de Leste, nos anos 90, onde trabalharam com organizações não-governamentais para ajudar a sociedade civil.
Desde 2005, o departamento de estado diz ter destinado mais de sete milhões de dólares para programas de construção da sociedade civil na Síria, apesar da correspondência mencionada pelo Washington Post indicar que o montante é substancialmente mais elevado.
A Administração Obama defendeu desde o início uma posição de envolvimento com o governo sírio tendo mesmo enviado de novo um embaixador para Damasco, em 2005. Mas nos últimos tempos, Washington mostra-se cada vez mais crítico do duro tratamento dado pelo governo sírio aos manifestantes.
Toner disse que as manifestações na Síria são “protestos legítimos em face a anos de governação opressiva por parte do regime Assad” e que cabe ao governo de Damasco responder “às aspirações universais do seu povo.”
Contudo, Toner nunca chegaria a mencionar a necessidade de transição de poder na Síria, dizendo apenas que cabe ao povo sírio decidir a velocidade e a extensão da reforma.