Um vídeo divulgado nos últimos dias nas redes sociais, no qual alegados membros das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique batem e matam uma mulher num local não identificado, tem provocado fortes reações no país.
O Ministério da Defesa Nacional emitiu um comunicado na noite de segunda-feira, 14, no qual diz que “as Forças de Defesa e Segurança (FDS) consideram as imagens chocantes, abusivas, repugnantes, horripilantes e acima de tudo condenáveis em todas as suas dimensões”.
O assassinato da senhora à queima-roupa vai ser investigado porque, segundo o Ministério, “fatos desta natureza deverão sempre ser denunciados por todas as forças vivas da sociedade, devendo ser investigados para apurar a sua autenticidade e veracidade, com vista à devida responsabilização”.
A nota não dá detalhes sobre quem fará a investigação nem o prazo para a sua conclusão.
Quem também reagiu foi o bastonário da Ordem dos Advogados que considerou o assassinato da senhora de repugnante e condenável “porque se trata de uma barbárie”.
Em conferência de imprensa em Maputo, Duarte Casimiro instou as instituições estatais competentes a iniciarem uma investigação para a identificação e condenação dos autores.
“Quem de direito que tenha tomado conhecimento deste vídeo que se preocupe em criar condições para fazer uma investigação séria, independente e bastante profunda até em defesa daquilo que são os interesses das próprias Forças de Defesa e Segurança”, acrescentou Duarte Casimiro, lembrando que as imagens de abusos de direitos humanos por parte de membros das FDS estão a tornar-se repetitivas.
Organizações internacionais de defesa dos direitos humanos e ativistas moçambicanos têm denunciado violações de direitos humanos por parte das FDS e exigido medidas ao Governo moçambicano.
Na semana passada, a Amnistia Internacional exortou pessoas que tenham vídeos dessas violações que as publiquem, enquanto há pouco mais de um mês a investigadora da Human Rights Watch Zenaida Machado exortou, em declarações à VOA, o Presidente Filipe Nyusi, na qualidade de comandante em chefe das FDS, a tomar pedidas para evitar essas violações.
No vídeo, de cerca de dois minutos e cujo conteúdo, pela sua violência, é impublicável, vêem-se homens com uniforme das FDS a aproximar-se de uma mulher nua, que é agredida e depois morta a rajadas de metralhadora.
No final, ouve-se em português os homens a dizerem “já mataram a al-Shabab”, como é conhecido o grupo de insurgentes que tem atacado a província de Cabo Delgado desde outubro de 2017.