Uma das vítimas dos abusos sexuais cometidos há anos por um influente sacerdote chileno rejeitou nesta terça-feira, 16, o pedido de perdão pedido em Santiago pelo Papa Francisco, ao qualificar a frase do pontífice de "mais uma manchete barata", e pediu à Igreja "mais acções" em favor das vítimas de abusos.
O jornalista Juan Carlos Cruz, um dos que denunciaram há alguns anos os abusos cometidos pelo padre Fernando Karadima, escreveu no Twitter que as palavras do Papa "são insuficientes".
“Basta de perdões, é preciso mais acção. Os bispos acobertadores continuam aí. São palavras vazias. Dor e vergonha é o que sentem as vítimas", acrescentou Cruz, que, junto com outras vítimas de padre Karadima briga na Justiça com o arcebispado de Santiago,
Karadima teve grande influência na igreja chilena e foi responsável por formar 50 sacerdotes, cinco dos quais se tornaram bispos.
Depois que vieram à tona informações de que ele abusou sexualmente de crianças e jovens quando era o titular da paróquia El Bosque, ele foi condenado a uma vida de oração e penitência pela Justiça do Vaticano em 2010.
A Justiça chilena também realizou um julgamento contra Karadima e o considerou culpado, mas não foi condenado porque os crimes já estavam prescritos.
Hoje, num encontro com a Presidente chilena, Michelle Bachelet, o Papa Francisco afirmou que não podia deixar "de expressar a dor e a vergonha pelos danos irreparáveis causados às crianças por parte dos ministros da Igreja".
"É justo pedir perdão", concluiu Francisco.