O Ministério da Saúde de Cabo Verde confirmou hoje a existência de um surto de vírus Zika, adiantando que, desde Setembro, foram atendidos cerca de mil casos compatíveis com esta doença, transmitida da mesma forma que a dengue.
A ministra da Saúde, Cristina Fontes Lima, e o director-geral da Saúde, Tomás Valdez, confirmaram a doença depois de as análises às amostras de sangue enviadas em Outubro para o Instituto Pasteur de Dakar terem dado positivo.
Das 64 amostras, 17 foram positivas", segundo Cristina Fontes Lima, que revelou ainda que as análises permitiram descartar infecções pelos vírus da dengue, chikungunha, febre amarela, sarampo, rubéola, entre outras doenças.
O director-geral da Saúde, Tomás Valdez, adiantou que até ontem foram atendidos, desde finais do mês de Setembro no Hospital Agostinho Neto e nos centros de Saúde da Praia, aproximadamente mil casos com sintomas compatíveis com a infecção por vírus Zika.
Entre os sintomas estão manchas vermelhas na face, tronco e braços com forte comichão, dores de cabeça e febre baixa".
Em média, os serviços de saúde têm atendido 50 a 60 casos por dia relacionados com esta infecção, tendo já sido criada uma linha de atendimento específica na urgência do Hospital Agostinho Neto.
Tomás Valdez explicou que a infecção tem uma evolução benigna com duração de cerca de sete dias, não apresenta complicações e não requer hospitalização.
Adiantou que não existe vacina, sendo o tratamento sintomático, com recurso a paracetamol.
De acordo com Tomás Valdez os casos até agora registados são "essencialmente na cidade da Praia".
O vírus Zika é recente e a primeira transmissão entre humanos data aos anos 1950 na Nigéria.
Para evitar a infecção as autoridades recomendam a eliminação de recipientes com água estagnada e o uso de protecção contra as picadas do mosquito.
O director geral da Saúde acrescentou, no entanto, que não é ainda possível relacionar este surto com a epidemia do mesmo vírus actualmente em curso no Brasil.