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Vigília de antigos trabalhadores da África Têxtil em Benguela por problema que se arrasta há 20 anos


Vigília de antigos trabalhadores da África Têxtil, Benguela, Angola
Vigília de antigos trabalhadores da África Têxtil, Benguela, Angola

Decisão surge após queixa-crime contra o IGAPE por suspeita de peculato

Protestos por salários, indemnizações e pensões de reforma marcaram nesta segunda-feira, 14, a abertura de três dias de vigília dos antigos trabalhadores da fábrica têxtil de Benguela, em Angola, após uma participação criminal contra o Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE) por suspeitas de descaminho de verbas.

A vigília, à porta do estabelecimento, a poucas horas da chegada do grupo empresarial que venceu o concurso para gestão, visa forçar o pagamento de uma dívida superior acima de mil milhões de kwanzas, na ordem de um milhão e 500 mil dólares.

Benguela: Trabalhadores da África Têtil em vigília – 2:11
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A queixa contra o IGAPE foi apresentada no Tribunal de Contas, conforme o primeiro secretário da Comissão Sindical da antiga África Têxtil, Rogério Cabral, que manifestou a preocupação de 435 ex-operários, representados nos protestos por um grupo de cem elementos.

"Estamos fartos das mentiras, eles são mentirosos e sem escrúpulos. Só sairemos daqui com as garantias de dinheiro e com as reformas. Vai ser até à última gota, se sairmos daqui… só para o cemitério da Camunda’’, avisa o líder sindical.

Ex-trabalhadores de fábrica têxtil em vigília para exigir salários e reformas
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Os fundamentos para uma investigação das autoridades judiciais são avançados pelo sindicalista António Manuel.

"Na governação do camarada Isaac dos Anjos, estavam preparados documentos, que nós temos, para o devido pagamento. Foi em 2016, depois passaram as eleições e nos esqueceram, havia dinheiro para o efeito’’, explica o ex-operário.

Na vigília, saltou à vista a presença de adolescentes e jovens que representavam antigos trabalhadores falecidos, cujo número é de 107.

À VOA, o presidente da Associação Industrial Angolana, José Severino, que lamentou a adjudicação das três fábricas têxteis a estrangeiros, no caso zimbabweanos, sem oportunidade para os nacionais, e alerta para responsabilidades do Estado.

"Eles têm direitos, nunca foram desvinculados. O Estado, como pessoa de bem, tem de olhar para isso’’, alerta aquele responsável empresarial.

Não houve qualquer reacção das autoridades angolanas.

A África Têxtil, que faliu há 20 anos, antes da reabilitação orçada em 480 milhões de dólares, chegou a uma produção mensal de um milhão de metros de tecidos, muito superior à das duas outras, de Luanda e do Kwanza Norte.

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