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Venezuela suspende negociação com oposição e detém executivos após extradição de Alex Saab


Cartaz a pedir a libertação de Alex Saab, em Caracas
Cartaz a pedir a libertação de Alex Saab, em Caracas

Medida foi tomada horas depois das autoridades de Cabo Verde terem entregue o enviado especial da Venezuela aos Estados Unidos.

O Governo da Venezuela suspendeu as negociações com a oposição que seriam retomadas neste domingo, 17, horas depois de o empresário colombiano e seu enviado especial, Alex Saab, ter sido extraditado para os Estados Unidos a partir de Cabo Verde, onde estava preso desde Junho de 2020.

O anúncio foi feito na noite de sábado, 16, pelo presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodriguez, quem chefia a delegação do Governo e que justificou a decisão “como expressão profunda do nosso protesto ante a brutal agressão contra a pessoa do nosso delegado, Alex Saab Morán".

“A delegação da República Bolivariana de Venezuela na mesa de diálogo repudia a operação ilegal de extradição levada a cabo pelo Governo dos Estados Unidos”, acrescentou Rodriguez no comunicado.

Apesar de estar preso em Cabo Verde e do Tribunal Constitucional ter rejeitado, a 30 de Agosto, o recurso da defesa contra a extradição para os Estados Unidos, o Governo venezuelano nomeou Alex Saab, no início de Setembro, membro de equipa que negoceia com a oposição, no México, uma saída à crise política no país.

O líder da oposição Juan Guaidó condenou a decisão, ao escrever no Twitter que “com esta suspensão irresponsável, eles fogem mais uma vez da atenção urgente para o país, que actualmente sofre de uma pobreza extrema de 76,6%” e reiterou que “continuará a insistir numa solução para a crise do país”.

Prisão de executivos

Também horas depois de um avião do Departamento de Justiça americano trazer para os Estados Unidos, Alex Saab a partir do Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, na ilha do Sal, em Cabo Verde, as autoridades de Caracas revogaram a prisão domiciliar de seis ex-directores da refinaria Citgo, subsidiária americana da estatal petrolífera PDVSA, entre eles cinco cidadãos americanos.

A agência Reuters citou duas fontes conhecedoras do processo e um familiar de um dos detidos.

O advogado de um dos executivos, Tomeu Vadell, disse ao jornal New York Times que membros da polícia de inteligência da Venezuela apareceram em frente à casa de Vadell no sábado por volta das 17h30 e o levaram.

“Não sabemos para onde, por quê ou para quê”, acrescentou o advogado Jesús Alejandro Loreto.

Os seis executivos têm sido usados como peões nessa relação antagónica entre os Estados Unidos e a Venezuela.

Eles trabalharam para a Citgo Petroleum, a subsidiária da estatal venezuelana de petróleo com sede em Houston, e foram detidos pelo Governo venezuelano por acusações de corrupção em 2017.

Entretanto, no início deste ano, eles foram colocados em prisão domiciliar, o que foi entendido como um sinal de que o Presidente Nicolás Maduro queria melhorar as relações com os Estados Unidos, agora com a Administração Biden.

Defesa fala em "sequestro"

Detido a 12 de Junho de 2020 quando seguia para o Irão, alegadamente para negociar produtos alimentares para a Venezuela, Alex Saab foi extraditado depois de o Tribunal Constitucional (TC) de Cabo Verde ter rejeitado, a 30 de Agosto, o recurso da defesa contra a decisão do Supremo Tribunal da Justiça, que, a 17 de Março, tinha recusado outro recurso contra a sentença de extradição para os Estados Unidos, a 4 de Janeiro, do Tribunal de Relação de Barlavento.

O TC indeferiu vários outros recursos da defesa.

Pouco tempo depois de Saab ter deixado o país, o advogado cabo-verdiano Pinto Monteiro, que integra a equipa de defesa, classificou de “sequestro” a extradição num vídeo enviado à VOA, no qual disse não ter sido notificado da acção.

Mais tarde, numa nota, a defesa de Saab disse que “policias cabo-verdianos entraram na casa onde o enviado especial Saab estava detido e o levaram para o Aeroporto do Sal, onde foi entregue a agentes dos Estados Unidos”.

“Esta acção foi realizada sem que nenhum representante da equipa de defesa tivesse tido uma notificação prévia e (as autoridades) não tinham a documentação relevante ou uma resolução para esse efeito”, acrescentou a defesa, que ainda acusou o Governo de Cabo Verde de não esperar as decisões de vários recursos em curso.

Por seu lado, em comunicado, o Governo da Venezuela prometeu “defender com todos os recursos legais e diplomáticos disponíveis” Alex Saab e que “levará o caso a todas as instâncias multilaterais de direitos humanos”.

Num post no Twitter o Ministério das Comunicações no Twitter classificou a extradição de "sequestro".

Entretanto, a agência Reuters disse que uma porta-voz do Departamento de Justiça dos Estados Unidos confirmou a extradição de Alex Saab e disse que ele deve comparecer a um tribunal na segunda-feira, 18, num tribunal de Miami.

A justiça americana diz que Saab e o seu sócio Álvaro Pulido Vargas participaram supostamente num esquema de suborno entre 2011 e pelo menos até Setembro de 2015 e os acusa de branqueamento de cerca de 350 milhões de dólares no sistema financeiro dos Estados Unidos, segundo um comunicado de imprensa do Departamento de Justiça.

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