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Venda de dólares a Angola suspensa a partir de segunda-feira


Decisão já foi comunicada pelo banco sul-africano que fornece a moeda americana.

O Rand Merchant Bank, uma unidade do banco sul-africano First Rand, vai suspender a venda de dólares a Angola a partir de segunda-feira, 30 de Novembro, anunciou a instituição em Joanesburgo.

Esta decisão acontece depois de o Bank of America ter informado ao banco sul-africano que deixaria de fornecer-lhe dólares com destino a Angola a partir do fim deste mês.

Apesar de não haver uma justificação oficial para esta decisão do maior banco comercial americano, o único que fornece dólares a Angola através daquela instituição sul-africana, fontes credíveis garantem que o Bank of America desconfia do destino dado às elevadas quantidades de dólares em notas que circulam em Angola.

As mesmas fontes indicam que as autoridades americanas, tanto o banco central Federal Reserve como o Bank of America, temem que os dólares vendidos a Angola possam estar a financiar a lavagem de capitais e o terrorismo.

O economista e director do jornal angolano Expansão Carlos Rosado de Carvalho disse à VOA no início desta semana que, há pouco tempo o país comprava cerca de seis mil milhões de dólares, valor que agora ronda os três milhões de dólares.

A agência de notícias especializada em economia Bloomberg revelou que o Banco Angolano de Investimentos (BAI), o maior banco privado em Angola, já começou a restringir o levantamento de dólares e antevê não ter mais notas para entregar a partir de segunda-feira.

Até agora, os clientes do BAI estão impedidos de levantar mais do que 2 mil dólares por semana.

A generalidade dos bancos angolanos limitou, entretanto, a venda de divisas a clientes a um máximo de 1.000 dólares (940 euros) por semana.

A situação pode piorar, e muito, a partir da próxima semana num país em que a economia informal, que recorre às notas de dólar, garante a subsistência a milhões de cidadãos e que tem milhares de estrangeiros, conhecidos por expatriados, que recebem em moeda estrangeira, nomeadamente o dólar.

Carlos Rosado de Carvalho alerta, no entanto, para outro problema ainda maior e mais grave e que pode afectar as transferências bancárias.

Com a decisão do Bank of America, os bancos angolanos podem ficar sem bancos americanos correspondentes.

“Nessa altura, colocar-se-á o problema das transferências bancárias, que sim é uma situação muito grave”, avisa Rosado de Carvalho, lembrando que, por agora, apenas um ou dois bancos alemães com operações nos Estados Unidos estão a aceitar ser correspondentes dos bancos angolanos em virtude de Angola não seguir as recomendações internacionais quanto ao combate à lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo”.

Para além da difícil situação económica, o director do jornal Expansão alerta que Angola pode enfrentar “um problema de natureza reputacional e todos sabemos que a confiança é que comanda a economia e, em especial, o sector financeiro”.

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