Venâncio Mondlane afirmou sexta-feira, 6, que o tentaram assassinar numa curta mensagem publicada no Facebook. Este sábado, 7, o candidato disse "Se o Venâncio for morto, fiquem sabendo Partido Frelimo mandou abater", num vídeo publicado na rede social.
A afirmação surge depois de uma primeira tentativa quando estava refugiado na África do Sul, no início de novembro, segundo o próprio.
Em consequência, este sábado, 7, duas centrais eléctricas em Moçambique foram encerradas por manifestantes que protestavam contra a vitória declarada do partido histórico no poder nas eleições de 9 de outubro, anunciou o operador público Eletricidade de Moçambique.
“No âmbito dos protestos que decorrem em todo o país, um grupo de manifestantes deslocou-se às centrais termoeléctricas de Ressano Garcia e Gigawatt, exigindo a paragem total da produção de energia”, explicou a produtora e distribuidora em comunicado enviado à AFP.
“Temendo repercussões imprevisíveis”, as centrais ‘foram obrigadas a suspender a produção de energia, num total de 250 megawatts’, acrescentou o operador, no meio dos protestos que foram relançados na quarta-feira a pedido do principal opositor Venâncio Mondlane, que reclama a vitória eleitoral neste país da África Austral.
A paragem das duas centrais eléctricas “conduziu a um défice de capacidade de abastecimento” equivalente a “30% da procura na região sul do país”, que conta com cerca de seis milhões de habitantes, segundo o operador estatal.
As restrições estavam em vigor na capital Maputo desde a manhã, mas variavam muito de um bairro para outro, como constatou a AFP no local.
Após semanas, o movimento de protesto contra estas eleições, que foram marcadas por numerosas irregularidades segundo os observadores internacionais, continua forte, apesar da morte de pelo menos 90 pessoas na violência pós-eleitoral, de acordo com uma contagem efectuada pela ONG local Plataforma Decide.
As duas centrais eléctricas afectadas no sábado estão situadas em Ressano Garcia, um dos principais pontos de passagem da fronteira com a África do Sul.
O tráfego também foi severamente perturbado nessa zona, de acordo com vídeos publicados nas redes sociais que a AFP não conseguiu verificar.
“Há uma situação de encerramento intermitente da fronteira, onde a passagem é por vezes suspensa antes de reabrir”, explicou à AFP Mmemme Mogotsi, porta-voz da autoridade sul-africana de regulação das fronteiras (BMA), que ‘segue as diretivas do governo moçambicano’.
O Conselho Constitucional deverá confirmar os resultados eleitorais pelo menos duas semanas antes de Daniel Chapo, candidato do partido que está no poder desde a independência em 1975, suceder ao Presidente cessante Filipe Nyusi, também da Frelimo, em janeiro.
O antigo candidato presidencial e principal opositor Venâncio Mondlane afirma ter obtido mais de 53% dos votos nas eleições e sustenta que Daniel Chapo, declarado vencedor com 71% dos votos segundo a comissão eleitoral, obteve menos de 36% dos votos.
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