O Vaticano acolhe a partir desta quinta-feira, 21, e até domingo, 24, uma cimeira mundial sobre protecção de crianças e abusos sexuais na Igreja, Católica, que reunirá os presidentes de todas as conferências episcopais.
No evento, vão estar presentes figuras que se têm destacado no trabalho desenvolvido a pedido do Papa Francisco para combater os abusos sexuais na Igreja, entre os quais o arcebispo de Malta e secretário adjunto da Congregação para a Doutrina da Fé, Charles J. Scicluna.
O abuso sexual contra crianças durante anos e anos chegou a ser classificado pelo secretário do papa emérito, Bento XVI, como “o 11 de Setembro da Igreja Católica”, um momento apocalíptico com incontáveis vítimas.
O escândalo dos abusos sexuais cometidos por membros da Igreja Católica foi um dos grandes desafios do Papa em 2018.
As denúncias sucederam-se um pouco por todo o mundo.
De África não há muitas notícias de escândalos, o que pode explicar-se "pela existência de uma igreja mais pujante", mas também "pela realidade do continente, em que as instituições não são muito fortes, nem a comunicação social tem o peso de outros países", considera o analista cabo-verdiano Pedro Moreira, coordenador do grupo C12, que apoia o pároco da capital do país, Praia.
A Igreja Católica tem de saber que vive novos tempos e fazer frente aos problemas que enfrenta, acrescenta o teólogo português radicado na Alemanha e profundo conhecedor do Vaticano, António Cunha Justo.
Ao regressar às denúncias, Justo destaca a sociedade de informação, depois de uma época em que esse tipo de realidade era desconhecida, como quando era salesiano.
Aqueles dois especialistas manifestaram à VOA, na rubrica semanal Agenda Africana, as suas expectativas em relação aos resultados da cimeira.
Pedro Moreira, antigo secretário de Estado da Juventude, diz que "todos os católicos temos de reconhecer que somos responsáveis" e devem empenhar-se a ultrapassar essa crise "que não é da Igreja apenas, mas de toda a sociedade".
O teólogo António Justo, por seu lado acredita que o perdão é importante, mas "há muitas outras medidas que podem ser tomadas".
Acompanhe o programa com António Justo e Pedro Moreira, que analisam outras aspectos da cimeira: