O Vice-Presidente dos Estados Unidos, JD Vance, lançou um ataque cerrado contra as políticas europeias em matéria de imigração, partidos populistas e liberdade de expressão, fazendo eco das opiniões do Presidente Donald Trump, a quem chamou o “novo xerife da cidade” de Washington.
Vance também sublinhou que a Europa tem de “dar um passo em frente” na gestão da sua própria segurança, um dos principais pontos de discórdia.
O discurso de Vance foi um ataque combativo na Conferência de Segurança de Munique, numa altura de profunda discórdia transatlântica sobre defesa, comércio e outras questões.
“Há um novo xerife na cidade sob a liderança de Donald Trump”, disse Vance. “Podemos discordar das vossas opiniões, mas lutaremos para defender o vosso direito de as apresentar na praça pública. Concordem ou discordem”.
Vance afirmou ainda que “em toda a Europa, a liberdade de expressão, receio, está a recuar”, fazendo eco dos ataques de Trump à “censura” online.
Vance instou os países europeus, incluindo a Alemanha, país anfitrião da conferência, que enfrenta eleições a 23 de fevereiro, a “mudar de rumo” em matéria de imigração.
O seu discurso foi proferido um dia depois de um afegão de 24 anos ter sido detido em Munique por causa de um ataque com um carro armadilhado que feriu 36 pessoas.
“Quantas vezes teremos de sofrer estes terríveis reveses antes de mudarmos de rumo e levarmos a nossa civilização comum numa nova direção?" “Porque é que isto aconteceu em primeiro lugar? É uma história terrível, mas é uma história que já ouvimos demasiadas vezes na Europa e, infelizmente, também demasiadas vezes nos Estados Unidos."
“Um requerente de asilo, muitas vezes um jovem de 20 e poucos anos já conhecido da polícia, atropela uma multidão e destrói uma comunidade”.
Defendendo os partidos políticos que se opõem à imigração e os seus apoiantes, acrescentou: “Nenhum eleitor deste continente foi às urnas para abrir as comportas a milhões de imigrantes não selecionados.”
A Alemanha advertiu na sexta-feira, 14, contra a “intromissão” estrangeira na sua política, depois de Vance ter apelado a um papel mais importante para os partidos anti-imigração da Europa, nove dias antes das eleições gerais alemãs.
Vance disse ao Wall Street Journal: “Infelizmente, a vontade dos eleitores têm sido ignorada por muitos dos nossos amigos europeus” e instou os governos a não excluírem os partidos anti-imigração.
A Alemanha tem sofrido vários ataques de alto nível atribuídos a requerentes de asilo e migrantes, o que levou a Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, a intensificar ainda mais as suas campanhas anti-migrantes.
O porta-voz do Governo alemão, Steffen Hebestreit, afirmou que os estrangeiros não devem “imiscuir-se nos assuntos internos de um país amigo”. Os estrangeiros não devem “imiscuir-se nos assuntos internos de um país amigo” e “podem não ter uma visão completa do debate político” na Alemanha.
O partido de extrema-direita AfD parece estar preparado para obter o seu melhor resultado de sempre, cerca de 20%, nas eleições de 23 de fevereiro, segundo as sondagens actuais.
O partido recebeu o apoio entusiástico de Elon Musk, o homem mais rico do mundo e um dos principais aliados de Trump.
Vance disse que a Alemanha devia habituar-se à opinião do patrão da Tesla e da SpaceX, tal como os Estados Unidos toleraram as críticas da ativista climática sueca Greta Thunberg.
“Se a democracia americana pode sobreviver a 10 anos de repreensão de Greta Thunberg, vocês podem sobreviver a alguns meses de Elon Musk”, disse ele.
“Mas o que a democracia alemã, o que nenhuma democracia - americana, alemã ou europeia - sobreviverá é dizer a milhões de eleitores que os seus pensamentos e preocupações, as suas aspirações, os seus pedidos de ajuda são inválidos ou indignos.”
Vance também abordou o aceso debate pré-eleitoral alemão sobre a necessidade de os principais partidos políticos manterem uma “barreira” de não-cooperação com o AfD.
“A democracia assenta no princípio sagrado de que a voz do povo é importante”, afirmou. “Não há lugar para firewalls”.
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