A valorização da moeda moçambicana em tempo de crise está a suscitar diversas reações, havendo quem se interrogue como isso é possível tendo em conta o baixo peso das exportações moçambicanas no mercado internacional.
Uma análise da agência de notícias financeiras Bloomberg indica que o metical foi a divisa que mais se valorizou em Janeiro findo, em cerca de sete por cento, anulando as perdas de 32 por cento registadas em 2015.
A economista Miriamo Namburete diz não entender a análise da agência porque, na sua opinião, não se fez muita coisa em termos de produção no país, para além de que a curto prazo é difícil travar a depreciação do metical através de medidas produtivas.
Entretanto, o economista e conselheiro da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA, na sigla em inglês), Eduardo Sengo, considera que a recuperação do metical não depende apenas da produção.
Para Sengo, é possível também recuperar a moeda nacional através de algumas medidas administrativas, realçando que no caso do metical, o Banco de Moçambique mudou a política monetária.
"Antes era uma política expansionista e agora passou a ser restritiva. O banco central restringiu a expansão da moeda, do crédito através do aumento das taxas de juro de referencia.
Para além disso, a concertação do Banco de Moçambique com os outros bancos e alguns dos grandes importadores da praça surtiu efeitos positivos", destacou.
Sengo considerou que essas medidas foram tomadas tendo em conta sobretudo aquilo que eram as exigências da CTA, no sentido de o Banco de Moçambique "face à depreciação do metical, começar a tomar medidas administrativas, dado que isso criava outros problemas que poderiam ter efeitos a longo prazo".
Aquele especialista entende que a recuperação do metical não vai durar muito tempo, se não forem tomadas medidas que possam incrementar a produção e as exportações, que permitam um maior fluxo na entrada de divisas
Refira-se que o próprio Banco de Moçambique diz que vai ser difícil estabilizar o metical, pelo menos a curto prazo.