Enquanto se projecta o arranque da limpeza nas valas de drenagem do Lobito e Catumbela, na província angolana de Benguela, vítimas das cheias que destruíram 39 casas e inundaram 93, há cinco dias, deploram a falta de abrigos provisórios.
Ao relento, à espera das 1.700 casas sociais prometidas pelo Governo provincial para centenas de famílias em zonas de risco, os cidadãos afectados pelas chuvas e ventos fortes expuseram, na quarta-feira, 20, o seu drama ao vice-presidente da República, Bornito de Sousa.
Ao sentimento de dor pelos dezasseis mortos, que foram a enterrar com a ajuda das autoridades, junta-se o medo de famílias que pernoitam em escombros das moradias que a tempestade levou.
Em nome de uma comunidade do município da Catumbela, o mais problemático, Salomão Cipriano falou dos dias de amargura.
‘’Estamos mesmo a dormir na rua, isso é perigoso. Ainda não está concluída a assistência, há muita, muita gente sem casa’’, lamenta Cipriano.
O vice-presidente da República, Bornito de Sousa, diz acreditar em soluções globais, mas adverte que é preciso respeitar o plano de urbanização.
‘’Sabemos que ainda existem desaparecidos, mas as autoridades estão a trabalhar para encontrar soluções. Falamos de soluções globais, sempre no domínio da urbanização. É preciso respeitar a natureza porque numa linha de água pode não chover hoje, mas choverá amanhã ou noutro dia’’, avisa o governante.
Por isso mesmo é que as autoridades locais, segundo o governador provincial, Rui Falcão, esperam que sejam construídas as casas anunciadas no dia seguinte à tragédia de Março de 2015.
‘’Vamos continuar a persuadir para que as 1.700 casas anunciadas há quatro anos sejam construídas e assim limparmos as zonas de risco’’, reafirma Falcão.
Para já, aguarda-se pela limpeza de valas, com recurso ao fundo rodoviário, conforme anunciou o ministro da Construção, Manuel Tavares de Almeida, que também visitou os sinistrados.
Numa tomada de posição em que questiona a desconcentração administrativa, o deputado Alberto Ngalanela, secretário provincial da Unita, sugere que o governador provincial e administradores municipais coloquem os cargos à disposição, mostrando que não são coniventes com a desgraça.