Economistas dizem ser uma utopia as autoridades governamentais acreditarem que Moçambique pode prescindir do apoio de parceiros internacionais aos seus programas de desenvolvimento, incluindo o Orçamento de Estado.
O Fundo Monetário Internacional e outros doadores suspenderam a assistência a Moçambique, na sequência da descoberta das chamadas dívidas ocultas, fazendo com que o país enfrente hoje uma grave crise económico-financeira.
Contudo, as autoridades dizem que é preciso aproveitar a suspensão do apoio internacional para desenvolver o país, através de recursos internos.
Este tem sido o apelo recorrente do Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, sublinhando ser possível o país viver sem esse apoio, como aconteceu nos últimos dois anos.
O economista António Francisco diz que a posição do Governo baseia-se na expectativa de que, por causa da exploração do gás e de outros recursos naturais, poderá haver um conjunto de rendimentos, mas, na sua opinião, isso é falso porque não há capacidade produtiva e o investimento que está a ser feito não tem sido significativo.
"Vimos a retracção do investimento e do próprio crédito, vimos que as agências de rating neste momento já colocaram Moçambique na situação de incumprimento", destacou o economista.
Celeste Banze, outra economista, diz que a economia poderá deteriorar, e é sinal disso a redução do fluxo de divisas e fraco influxo de capitais em forma de investimento directo estrangeiros.