O antigo primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira,disse ter sido impedido à última hora de chefiar a delegação da União Africana (UA) que vai observar a segunda volta das eleições presidenciais em São Tomé e Príncipe no domingo, 5.
Em nota enviada à imprensa nesta quinta-feira, 2, Simões Pereira aponta "o carácter antidemocrático e de absoluta ignorância às leis por parte do actual Governo na República da Guiné-Bissau” e lamenta “a vulnerabilidade das organizações regionais de África, ao permitirem esse nível de promiscuidade e condicionamento das suas acções".
Para Simões Pereira, mesmo depois da delegação de observadores estar formada e dele ter recebido documentos importantes, como o Guia Prático distribuído aos membros das assembleias de voto e o relatório da missão de observadores à primeira volta, a UA recuou por pressão do Governo guineense.
"No passado dia 24 de Agosto, recebi por via telefónica, uma notificação de um alto responsável da União Africana, da intenção dessa organização em me convidar para chefiar a missão de observação à segunda volta das eleições em São Tomé e Príncipe”, conta o presidente do PAIGC, principal partido da oposição na Guiné-Bissau, acrescentando que “quando tudo estava acertado para a partida a São Tomé nesta sexta-feira, eis que, pelas 23:40 horas (ontem) vem uma nota indicar que as autoridades guineenses exprimiram reticências à minha designação para conduzir a missão de observação da UA à República de São Tomé e Príncipe”.
Domingos Simões Pereira revela que “a UA decidiu anular o convite e a minha designação", o que para ele indica “a vulnerabilidade das organizações regionais de África, ao permitirem esse nível de promiscuidade e condicionamento das suas acções".
Não houve ainda qualquer reacção do Governo guineense.
Domingos Simões Pereira encontra-se em Lisboa, Portugal, e amanhã dará uma conferência de imprensa na qual vai abordar este assunto e a política interna guineense.