A União Africana (UA) reiterou neste domingo, 19, em Addis Abeba, a sua política de "tolerância zero" em relação a mudanças inconstitucionais e manteve a suspensão de quatro países governados por militares.
Burkina Faso, Guiné, Mali e Sudão voltaram a ser alvos de sanções pelo órgão pan-africano que, no entanto, disse estar pronto para ajudá-los a retornar ao regime democrático.
"A Assembleia reafirmou tolerância zero contra mudanças inconstitucionais (de Governo)", disse o Comissário da UA para Assuntos Políticos, Paz e Segurança, Bankole Adeoye, acrescentando que "a Comissão está pronta para apoiar esses Estados membros a retornar à ordem constitucional, a ideia é que a democracia deve criar raízes e deve ser promovida e protegida".
Em conferência de imprensa após a 36ª Assembleia que reuniu os Chefes de Estado e de Governo em Addis Abeba ontem e hoje, Adeoye enfatizou "novamente que a UA permanece intolerante a qualquer meio antidemocrático de poder político".
CEDEAO também mantém sanções
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), cujos líderes reuniram-se à margem da Cimeira da UA, também decidiu manter as sanções contra os três países do Sahel, que pertencem à organização, Mali, Burkina Faso e Guiné.
"A Autoridade de Chefes de Estado e de Governo decidiu manter as sanções existentes nos três países", revelou a CEDEAO em comunicado que ainda impôs proibições de viagem a funcionários do Governo e líderes de alto escalão àqueles países.
Sanções sob os holofotes
Com medo do efeito de contágio na região conhecida por golpes militares, a CEDEAO impôs duras sanções comerciais e económicas ao Mali, mas menos severas contra Guiné e Burkina Faso.
Todos os três países estão sob pressão da CEDEAO para regressar rapidamente ao regime civil.
Por seu lado, o Sudão tem sido dominado por uma turbulência política e económica cada vez maior, desde o golpe liderado pelo chefe do exército Abdel Fattah al-Burhan em 2021, que interrompeu a transição para um Governo civil após a queda de Omar al-Bashir em 2019.
Ao discursar na Cimeira, no sábado, o presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahamat, disse que a organização precisa olhar para novas estratégias para conter o retrocesso da democracia.
"As sanções impostas aos Estados membros após mudanças inconstitucionais de Governo... não parecem produzir os resultados esperados", disse ele, que concluiu dizendo ser "necessário reconsiderar o sistema de resistência às mudanças inconstitucionais para torná-lo mais eficaz".
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