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UNITA sugere criação de comissão da verdade e reconciliação nacional, dirigente do MPLA diz ser extemporânea


Adalberto Costa Júnior, presidente da UNITA, em entrevista nos estúdios da Voz da América em Washington, DC, no dia 22 de Junho de 2022.
Adalberto Costa Júnior, presidente da UNITA, em entrevista nos estúdios da Voz da América em Washington, DC, no dia 22 de Junho de 2022.

Adalberto Costa Júnior condiciona o regresso dos seus membros à CIVICOP com o retorno aos  verdadeiros objetivos da sua criação, mas João Pinto descarta qualquer outra estrutura.

O presidente da UNITA, na oposição, disse nesta terça-feira, 5, em Luanda que a Comissão de Reconciliação em Memória às Vítimas dos Conflitos Político (CIVICOP) foi sequestrada pelo MPLA, partido no poder, para conseguir os seus intentos políticos.

UNITA abandona CIVICOP – 2:42
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Numa comunicação à imprensa, Adalberto Costa Júnior condicionou o regresso dos seus membros à referida comissão com o retorno aos verdadeiros objetivos da sua criação.

O líder da oposição propôs a criação de uma Comissão da Verdade e Reconciliação Nacional, como na África do Sul.

O antigo deputado do MPLA João Pinto diz que tal proposta não faz sentido.

"É altura de abraçarmos uma Comissão da Verdade e Reconciliação Nacional, é mais genuína e mais verdadeira, para que os angolanos tenham coragem de abordar com responsabilidade partilhada, o seu passivo enquanto irmãos da mesma pátria", afirmou Costa Júnior, para quem a CIVICOP há muito deixou de versar o verdadeiro objetivo para o qual foi criada.

"A CIVICOP foi sequestrada e está hoje ao serviço de um gabinete, cujos objetivos não vão ao encontro dos definidos na sua criação, privilegiar a reconciliação e a paz de espíritos, há um silêncio ensurdecedor, vive-se um golpe de teatro, o coordenador foi substituído pelo chefe dos serviços de inteligência que usa abusivamente o nome da CIVICOP, uma iniciativa meramente instrumental e uma oportunidade de lavar de mãos as responsabilidades do MPLA e do seu Governo", apontou o líder da UNITA, que citou, especialmente, "os massacres do 27 de Maio, da sexta-feira sangrenta, ao massacre do conflito étnico pós-eleitoral de 1992, entre outros que vitimaram dezenas e dezenas de milhares de angolanos em todo território, com destaque para Luanda".

Por seu lado, o antigo deputado e membro do MPLA João Pinto considera que a UNITA está a agir fora de tempo.

"É extemporânea porque em Angola foi assumido publicamente, depois não são comparáveis o que ocorreu na Africa do Sul e o nosso caso, lá houve um sistema de apartheid, por cá houve uma guerra civil, um problema ideológico de confrontação e foi superado e até formou-se um Governo de reconciliação nacional", aponta Pinto, que sublinha que "criar uma comissão da verdade
não tem lógica".

"Nós não podemos continuar sempre a recuar, quando há algo que a UNITA não se revê, ou outra personalidade, quer usar a negociação, criar-se mais um órgão, o Estado tem que permanecer normal, nem tudo tem de ser feito fora das instituições", conclui Pinto.

Adalberto Costa Júnior voltou a fazer um pedido de desculpas em nome do seu partido, às famílias de todas as vítimas dos conflitos, pedido este que já tinha sido feito pelo seu antecessor, Isaías Samakuva.

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