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UNITA denuncia “ataques xenófobos e racistas” do MPLA


Adalberto da Costa Júnior, presidente da UNITA
Adalberto da Costa Júnior, presidente da UNITA

Partido da oposição responde a comunicado do partido no poder que se referiu a líderes com nacionalidade estrangeira

A UNITA, principal partido da oposição em Angola, classifica de “ataques xenófobos e racistas” o conteúdo do comunicado do Bureau Político do MPLA, no poder, sobre os confrontos mortais do passado 30 de Janeiro no Cafunfo, na província da Lunda Norte.

O partido considera de baixaria os supostos ataques à figura do seu presidente e lembra que, devido ao conflito armado, muitos dirigentes, incluindo personalidades do partido governante, viram-se forçados a obter duas ou mais nacionalidades, como aconteceu com Adalberto Costa Júnior, que, prontamente, renunciou a sua segunda cidadania.

UNITA reage a comunicado do MPLA – 3:06
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O documento lido pelo porta-voz da UNITA, Marcial Dachala, minimiza os ataques do MPLA e encoraja os angolanos a continuarem a reivindicar pelos seus direitos.

“O comunicado do Bureau Político do partido que governa não fez senão destilar ódio, semear discórdias, desviando as atenções da opinião pública nacional e internacional. O Comité Permanente da Comissão Política conclui que o mesmo reflecte algum nervosismo resultante da extrema exposição causada pela incapacidade de atender as aspirações dos cidadãos e pelo massacre de Cafunfo levado a cabo pelas forças de defesa e segurança, cujas ordens partiram de membros com assento nesse Bureau Político”, lê-se no comunicado da UNITA, que “entende que não é insinuando racismo e xenofobia, nem destilando raiva contra o líder do maior partido na oposição que se resolvem os problemas de Angola”.

O partido fundado por Jonas Savimbi, apela, por isso, “às famílias angolanas, às Igrejas e à sociedade em geral, a não se deixarem levar por essa onda que procura distrair os angolanos e impedi-los de buscar os caminhos para o progresso e bem-estar de todos”.

O comunicado afirma observar “a utilização abusiva dos órgãos de comunicação social sob controlo do Executivo, que assumiram invariavelmente o papel de juízes, condenando os manifestantes de Cafunfo, com base única nas declarações parciais do ministro do Interior e do comandante geral da Polícia, bem como a propaganda baixa e os ataques despropositados e mentirosos que são levados a cabo contra a UNITA e a sua direcção, muito particularmente o seu presidente, Adalberto Costa Júnior, esquecendo o princípio do contraditório, regra basilar de um verdadeiro jornalismo sério, isento e comprometido com a verdade dos factos”.

A UNITA diz não aceitar “ser transformada em bode expiatório dos problemas de desgovernação do regime, nem da incapacidade congregadora do Presidente da República João Lourenço” e reitera “o seu compromisso com a liberdade do povo angolano e reafirma a sua predisposição para o diálogo com as instituições do Estado para se reverter o actual quadro e abrir caminho para um futuro airoso para os angolanos na sua pátria comum e apela a todos angolanos a manteremse calmos e serenos.

No mesmo comunicado a UNITA congratulou-se com as igrejas que prontamente denunciaram os massacres no Cafunfo, “assumindo uma postura de elevação moral e ética, sem quaisquer reservas”.

MPLA ataca

Em comunicado divulgado no fim de semana, o Bureau Político do MPLA assestou as suas baterias para "líderes políticos sem escrúpulos, que afinal são cidadãos estrangeiros e por isso executam uma agenda política contrária aos interesses de Angola e dos angolanos".

“Os que querem a instabilidade de Angola deviam saber que quando um grupo de cidadãos nacionais e estrangeiros munidos com armas de fogo, armas brancas e objectos contundentes ataca à madrugada uma esquadra policial, um quartel militar ou algum órgão da Administração do Estado ou algum órgão de soberania, não está a fazer uma manifestação, mas sim uma rebelião armada que merece da parte de qualquer Estado uma vigorosa reacção”, afirmou aquele órgão num comunicado que acrecenta estar a assistir-se a” uma tentativa de divisão dos angolanos, de incitação ao tribalismo, ao regionalismo, para quebrar a unidade nacional tão bem preservada até aqui”.

Os confrontos em Cafunfo deixaram de seis a 27 mortos, de acordo com diversas fontes, e muitos desaparecidos.

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