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UNITA abandona Comissão de Reconciliação por estar "refém dos interesses espúrios do regime"


Adalberto Costa Junior, presidente da UNITA, Angola
Adalberto Costa Junior, presidente da UNITA, Angola

Adalberto Costa Júnior diz que o Governo "vem sistematicamente violando os princípios pelos quais a CIVICOP foi criada".

A UNITA anunciou a sua saída da Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (Civicop) por violação de princípios por parte do Governo angola.

"O nosso partido declina a sua participação neste organismo, por ele permanecer refém dos interesses espúrios do regime, como temos observado em diversos eventos e situações ocorridos ultimamente, não servindo assim para os fins que presidiram a sua criação: os da reconciliação nacional e da pacificação dos espíritos em Angola", disse o presidente do principal partido da oposição em conferência de imprensa nesta quinta-feira, 21, em Luanda.

Ao fazer o anúncio, Adalberto Costa Júnior sublinhou que a UNITA tomou tal decisão porque o Governo "vem sistematicamente violando os princípios pelos quais a Civicop foi criada".

Ele afirmou que elementos ligados à segurança do Estado "assaltaram" a comissão, criando "um verdeiro clima" que não ajuda a reconciliação nacional, mas, pelo contrário, "o partido no poder utiliza a Civicop para estimular o ódio, com informações que minam a reconciliação nacional".

Aviso tinha sido dado

A 5 de setembro, Costa Júnior tinha anunciado a suspensão dos membros da UNITA na comissão.

Na altura, ele condicionou o regresso dos seus membros à referida comissão com o retorno aos verdadeiros objetivos da sua criação e propôs a criação de uma Comissão da Verdade e Reconciliação Nacional, como na África do Sul.

"É altura de abraçarmos uma Comissão da Verdade e Reconciliação Nacional, é mais genuína e mais verdadeira, para que os angolanos tenham coragem de abordar com responsabilidade partilhada, o seu passivo enquanto irmãos da mesma pátria", afirmou Costa Júnior, para quem a Civicop há muito deixou de versar o verdadeiro objetivo para o qual foi criada.

"A Civicop foi sequestrada e está hoje ao serviço de um gabinete, cujos objetivos não vão ao encontro dos definidos na sua criação, privilegiar a reconciliação e a paz de espíritos, há um silêncio ensurdecedor, vive-se um golpe de teatro, o coordenador foi substituído pelo chefe dos serviços de inteligência que usa abusivamente o nome da Civicop, uma iniciativa meramente instrumental e uma oportunidade de lavar de mãos as responsabilidades do MPLA e do seu Governo", acusou, na altura, o presidente da UNITA.

Não houve ainda qualquer reação do ministro da Justiça e dos Direitos Humanos Marcy Lopes, que preside à comissão.

O Presidente da República criou a Civicop em abril de 2019 com o objetivo de elaborar um plano geral de homenagem às vítimas dos conflitos políticos ocorridos nesse período, no âmbito do que João Lourenço chamou de processo de reconciliação entre os angolanos.

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