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UNICEF diz que casamentos precoces em Moçambique são graves violações dos direitos humanos


Moçambique entre os 11 países com maior número de casamentos precoques
Moçambique entre os 11 países com maior número de casamentos precoques

Uma em cada duas moçambicanas casa-se antes dos 18 anos

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) diz que os casamentos prematuros em Moçambique constituem uma grave violação dos direitos humanos e alerta para o agravamento da situação, se nada for feito para invertê-la.

Ao falar num recente seminário sobre a prevenção e combate a casamentos prematuros em Moçambique, Edina Culolo Kozma, especialista do UNICEF em matéria de protecção dos direitos humanos da criança, disse que as raparigas sujeitas a estas práticas são mais vulneráveis à violência e ao HIV-Sida.

Ela considerou que os casamentos prematuros são um custo que a sociedade não pode acarretar, para depois sublinhar que "os casamentos prematuros roubam a infância das raparigas e estas correm o risco de abandonar a escola".

Em Moçambique, segundo dados do inquérito demográfico e de saúde, realizado em 2011, uma em cada duas raparigas casa-se antes de atingir os 18 anos de idade, e destas, 14 por cento casam-se antes dos 15 anos de idade.

Os dados do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano mostram que a desistência da escola acentua-se a partir dos 12 anos de idade, o que para Edina Kozma "é uma situação que é necessário inverter".

Para a primeira-dama Isaura Nyusi, estes dados colocam Moçambique entre os países com maior prevalência de casamentos prematuros em África e entre os 11 países mais afectados no mundo.

Conhecedora da realidade moçambicana, a representante do UNICEF lamentou que os casamentos prematuros sejam consentidos e até encorajados pelos próprios pais das raparigas.

Kozma falou do caso de uma rapariga, de nome Rita, que quer desfazer-se de um casamento forçado.

"A Rita foi forçada pelos seus pais a viver com um homem de 30 anos mais velho que ela e deste relacionamento nasceram duas crianças. Ela está sujeita a maus-tratos pelo marido e quer voltar para casa, mas os pais não aceitam", contou.

As províncias de Zambézia, Tete e Manica, no centro de Moçambique, e Nampula e Cabo Delgado, no norte, são as que registam mais casos de casamentos prematuros.

Regra geral, os casamentos prematuros são antecedidos de ritos de iniciação, em que as raparigas são ensinadas a "serem mulheres", o que em vários círculos de opinião, constitui também uma violação dos direitos humanos, sobretudo das crianças.

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