A União Africana expressou neste sábado preocupação com o cessar-fogo de 1991 no Sahara Ocidental, disputado entre Marrocos e a Frente Polisário pró-independência, depois que Rabat enviou tropas para uma zona tampão.
A declaração do chefe da UA foi feita no momento em que a Frente Polisário declarava que o cessar-fogo era "coisa do passado" depois de Marrocos ter lançado uma operação para reabrir a estrada para a vizinha Mauritânia, gerando confrontos.
O Presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahamat, expressou a sua "profunda preocupação após a deterioração da situação no Sahara Ocidental, especialmente na zona tampão de Guerguerat, e as graves ameaças de violação do cessar-fogo em vigor desde 1991".
As forças marroquinas lançaram na sexta-feira uma operação em Guerguerat, a última fronteira controlada por Marrocos antes de a estrada entrar numa zona-tampão ao longo da fronteira, onde a Polisário mantém uma presença periódica.
Faki também elogiou os esforços do secretário-geral da ONU e das potências regionais para exortar "as partes a se absterem de qualquer mudança do status quo e a voltarem à mesa de negociações o mais rápido possível".
A Organização das Nações Unidas há dias tenta evitar uma escalada no Sahara Ocidental, e o secretário-geral, António Guterres, expressou "grande preocupação com as possíveis consequências dos últimos acontecimentos".
A Espanha, a ex-potência colonial do Sahara Ocidental, também pediu "às partes que retomem o processo de negociação e avancem em direção a uma solução política, justa, duradoura e mutuamente aceitável".
Num comunicado divulgado na noite de sexta-feira, o Ministério das Relações Exteriores espanhol pediu "responsabilidade e moderação" no Sahara Ocidental.
Marrocos controla 80% da região disputada, uma vasta faixa de deserto na costa atlântica da África.